“O Mecanismo” e Bolsonaro: quem saiu da série para o próximo governo
Ao menos três inspirações da produção da Netflix ganharam cargos: Sérgio Moro, Érika Marena e Rosalvo Franco
atualizado
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Inspirado em acontecimentos reais que escancararam o maior esquema de corrupção da história recente do país, o diretor José Padilha recebeu, nas últimas semanas, mais detalhes para dar continuidade a “O Mecanismo”, série produzida pela Netflix.
Além dos políticos condenados e presos no âmbito da Operação Lava Jato, as histórias envolvendo os investigadores retratados na trama ganharam mais um capítulo após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. Pelo menos três dos personagens da primeira temporada participarão de forma efetiva do governo do capitão da reserva do Exército: Sérgio Moro, Érika Marena e Rosalvo Franco.
Em “O Mecanismo”, o futuro ministro da Justiça é Paulo Rigo (Otto Jr.). Na primeira temporada (e na segunda, ainda inédita), Moro é retratado no cargo que recentemente deixou para integrar a gestão do futuro governo Bolsonaro: juiz federal responsável pelos julgamentos das ações decorrentes da Lava Jato em primeira instância. Com perfil metódico e de aparência serena, Moro (ou Rigo) fica em segundo plano ao longo da primeira temporada. Mas, nos episódios finais, o roteiro dá a entender que o então juiz já começava a se encantar com a fama.
Na segunda temporada, “O Mecanismo” deve retratar uma atuação mais incisiva de Moro contra políticos e empresários. Enquanto juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), ele condenou figuras como o executivo Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB) e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Considerado “herói” por movimentos anticorrupção, Moro aceitou o convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça, sendo alvo de críticas de opositores ao futuro presidente e do agora ex-magistrado. Moro pediu exoneração há três semanas para se dedicar ao governo de transição.
Na vida real, o futuro ministro da Justiça já puxou alguns retratados na série para ocuparem cargos importantes. É o caso da delegada federal Érika Marena. Ao lado do personagem Marko Ruffo (Selton Mello), ela é uma das responsáveis por guiar “O Mecanismo”. Na produção, ela é Verena Cardoni (Carol Abras), a “mãe” da Lava Jato.
Érika Marena ficou na operação até 2016, quando foi convidada para chefiar a Área de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas na Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina. Lá, ela foi a responsável pelas investigações contra um suposto esquema de corrupção envolvendo o então reitor da universidade federal do estado, Luiz Carlos Cancellier.
Ele cometeu suicídio após ser acusado de tentar obstruir os trabalhos da Justiça. Marena acabou afastada do caso. Após o episódio, ela foi transferida para a Polícia Federal em Sergipe.
A convite de Moro, ela será chefe da Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) durante o governo Bolsonaro. “A delegada tem minha plena confiança. O que houve em Florianópolis com o reitor foi uma tragédia. A família tem toda a solidariedade. Mas foi um infortúnio na investigação e a delegada não tem responsabilidade quanto a isso”, disse Moro ao comentar a indicação de Marena e a morte de Cancellier.
Outro convidado por Moro retratado em “O Mecanismo” é Rosalvo Ferreira Franco, ex-superintendente da PF no Paraná. Na série, o personagem Roberval Bruno (Giulio Lopes) aparece em poucos episódios.
A sequência do seriado deve relembrar a aposentadoria de Rosalvo. Ele foi sucedido por Maurício Valeixo, convidado por Moro para ser o futuro diretor-geral da Polícia Federal. No governo Bolsonaro, Rosalvo será chefe da Secretaria de Operações Policiais Integradas.
A segunda temporada de “O Mecanismo” tem lançamento previsto para 2019. Confira o teaser: