O impeachment que você não viu. E nesta terça (30/8) tem mais
Confira uma série de detalhes inusitados da sessão que contou com presenças ilustres e muito café
atualizado
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Após exaustivas 14 horas de sessão nesta segunda-feira (29/8), Dilma Rousseff protagonizou o provável último ato público de sua trajetória política. Após discursar por 45 minutos na manhã, a petista foi bombardeada por questionamentos de opositores e afagada por declarações de correligionários até as 23h25. Cada um dos 48 senadores inscritos teve 5 minutos para formular a pergunta, mas a presidente afastada respondia por quanto tempo quisesse.
Nesta terça (30), a partir das 10h, começa o segundo round desta decisiva semana para a política nacional, quando o país descobrirá se a administração interina de Michel Temer (PMDB) finca bandeira no Palácio do Planalto até 31 de dezembro de 2018 ou se Dilma Rousseff conseguirá se manter na chefia do Executivo — embora essa última opção soe improvável.Os olhos do país — e também de fora do Brasil — estão voltados para o que ocorre no plenário do Senado, onde é realizado julgamento do impeachment. Ainda assim, uma série de detalhes inusitados escapam das câmeras de tevê e dos flashes dos fotógrafos.
O Metrópoles separou algumas curiosidades deste início de semana. Confira:
1) Dá pra sair de Brasília e chegar em Barcelona
Nesta terça, estão previstos os debates, podendo a acusação e a defesa fazer uso da palavra por uma hora e meia cada. Ainda poderá haver réplica e tréplica de uma hora para cada parte. Depois, serão chamados os senadores inscritos, um a um, para discursarem, por até 10 minutos, improrrogáveis. Já havia 56 inscrições na noite desta segunda (29), mas o número pode chegar aos 81 parlamentares da Casa.
Nesse cenário, caso os discursos fossem ininterruptos, seriam necessárias 13,5 horas para o último parlamentar terminar sua exposição. Tempo suficiente para voar de Brasília a Barcelona, num voo da TAP, incluindo a parada em Lisboa.
A sessão de terça, que deve se iniciar às 10h, pode se estender pela madrugada, uma vez que haverá pausas para refeições. Também há a possibilidade de os trabalhos serem interrompidos e retomados na quarta (31), quando deve ocorrer a votação que selará o futuro político de Dilma. São necessários 54 votos de senadores para afastar a petista em definitivo.
2) Haja coração. E café
O cafezinho do Senado é um dos locais mais buscados por senadores e assessores para dar uma pausa no dia ou tocar negociações. Nos dias comuns, geralmente são feitos 10 litros da bebida, um dos poucos itens gratuitos no recinto. Durante o longo dia de questionamentos à presidente afastada Dilma Rousseff, esse volume quase quadruplicou. Até as 20h, já tinham sido feitos mais de 35 litros de café. Já o prato mais procurado foi o misto-quente. Geralmente, como informaram os funcionários do café, a preferência é o queijo-quente. “Hoje eles precisavam estar mais alimentados, né?”, comentou uma funcionária.
3) Rolo de sobra. No plenário e nos banheiros
Não foi só o cafezinho que teve rotatividade anormal nesta segunda (29). Os banheiros também demandaram mais atenção dos funcionários. De acordo com um faxineiro responsável pelo sanitário mais próximo do plenário, foram seis reposições de papel para secar as mãos ao longo do dia, ante quatro de um dia de sessão comum. Cada banheiro também recebeu seis novos rolos de papel higiênico. Em dias normais, são quatro ou cinco. Quem sofreu foi o chão em volta das privadas. “Acho que o pessoal tá tomando café demais e errando a mira da privada”, comentou o servidor. Foram mais de 10 passadas de pano ao longo do dia. Geralmente, são apenas três.
4) Lewandowski, um maestro nota 9
O senador José Medeiros (PSD-MT) é suplente do agora governador de seu estado, Pedro Taques (PSDB), e vice-líder do governo de Michel Temer. Ao avaliar o trabalho que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, à frente das sessões do impeachment, deu nota 9 ao ministro. “O difícil é porque a comparação é com o Renan Calheiros (PMDB-AL). Fale o que quiser dele, mas o Renan sabe comandar uma sessão”, opinou.
5) Nada de “pela minha família, pelos meus vizinhos, pelo João da padaria…”
Quem não se lembra da teatral sessão na Câmara dos Deputados de 17 de abril, quando os 513 deputados votaram a abertura do processo de impeachment de Dilma? Naquele domingo, foi um tal de “pela minha família” pra cá; “pelo estado” de não sei o que pra lá… Nesta terça (30) a história será diferente. É o que aposta o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). O ex-petista acredita que os discursos serão menos exaltados. “Não acho que haverá homenagens a figuras da ditadura militar ou xingamentos. Acredito que todos já sabem qual será seu voto, então será a oportunidade de mostrar aos eleitores os seus porquês”, avaliou.
6) Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
O cantor e compositor Chico Buarque foi uma das atrações do plenário. Ele foi até lá para apoiar a presidente Dilma Rousseff. No entanto, o astro não parecia estar muito animado com o que ouvia.
Visivelmente cansado, Chico foi flagrado várias vezes bocejando durante a sessão. Nesta terça (30), ele não é aguardado no plenário.