Nunca houve “pedido indevido” de Mantega, diz ex-presidente do BNDES
Luciano Coutinho negou ainda, à CPMI da JBS, conhecer Palocci e haver “caixa-preta” no banco
atualizado
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Durante mais de três horas, o ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho foi sabatinado pelos deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, na tarde desta terça-feira (3/10). O que era para ser uma oitiva apenas para que Coutinho explicasse como se deu as relações entre o banco e a J&F, holding que reúne todas as empresas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, também virou espaço para questionamentos políticos.
Por várias vezes, o ex-presidente foi incitado a falar sobre sua relação com o ex-ministro Guido Mantega, que respondeu pelas áreas do Planejamento e Fazenda durante as gestões petistas no governo federal. Isso porque, em delação, Joesley Batista afirmou que Mantega havia atuado para que a JBS conseguisse empréstimo junto ao BNDES.
Coutinho também foi questionado sobre o dinheiro que recebeu entre os anos de 2007 e 2016, quando esteva à frente da instituição financeira. “Eu recebia cerca de R$ 60 mil por mês no BNDES mais bônus de até quatro salários por ano. Tenho a consciência tranquila, sei que as operações do banco sempre foram rentáveis e bastante lucrativas”, destacou. “Essa história de caixa-preta no BNDES foi um slogan inventado e que continua sendo repetido indevidamente”, completou.Eu nunca recebi nenhum pedido indevido do ministro Guido e tive pouquíssimos contatos com o ex-ministro (Antônio) Palocci. Nunca recebi pressões ou propostas indevidas deles ou de outras autoridades e nenhum diretor ou técnico relatou ter recebido esse tipo de pressão
Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES
Mais cedo, por cerca de duas horas, o advogado Márcio Lobo, que representa os acionistas minoritários da JBS, também foi ouvido sobre a suposta falta de informação por parte da empresa para com os acionistas, assim como o prejuízo que esses pequenos investidores teriam sofrido.
Para quarta-feira (4), a partir das 9h, é esperado o depoimento do advogado brasiliense Willer Tomaz. Requerimentos para as convocações de Vinícius Marques de Carvalho, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e da advogada Fernanda Tórtima, da JBS, também serão votados nesta reunião. Já a oitiva do procurador Ângelo Goulart, prevista para a próxima reunião do colegiado, foi remarcada para o dia 17.