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Novo ministro da Defesa diz que golpe de 1964 deve ser “celebrado”

Braga Netto assinou texto para comemorar “movimento de 31 de março de 1964”. Ele afirma que as Forças Armadas garantem as liberdades

atualizado

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Braga Netto
1 de 1 Braga Netto - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O novo ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, assinou uma Ordem do Dia elogiosa ao “movimento de 31 de março de 1964”, data em que militares tomaram o poder através de um golpe de estado. O texto, publicado no portal do ministério na noite desta terça-feira (30/3), afirma que, na ocasião, as Forças Armadas assumiram a responsabilidade de pacificar e reorganizar o país para garantir as liberdades democráticas atuais.

“Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época”, inicia o texto.

Na sequência, a nota assinada por Braga Netto alega que “os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas”.

“As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.”

Depois de retirado do calendário oficial das Forças Armadas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi presa e torturada pela ditadura militar, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ressuscitou as celebrações. Em 2019, o mandatário chegou a pedir que a data voltasse a ser comemorada nos quarteis.

Em 2020, ainda sob comando do general Fernando Azevedo e Silva — que deixou o posto esta semana — o Ministério da Defesa publicou uma nota dizendo que o regime militar foi um “marco para a democracia”, mesmo tendo instalado uma ditadura de 21 anos.

No último dia 17, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região acatou recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) para que o governo federal possa fazer atividades em alusão ao golpe militar de 1964. O julgamento teve placar de 4 a 1.

O texto alusivo aos 57 anos do golpe o classifica como “movimento” e diz que ele é parte da trajetória histórica do Brasil. “Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.”

Linha de frente

Sobre questões atuais, Braga Netto escreve que o cenário geopolítico apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. “As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população”.

“A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país”.

Leia a íntegra do texto:
MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964Brasília, DF, 31 de março de 2021

Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.

WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa

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