Nova sede da Fundação Palmares já foi condenada por radiação
O presidente do órgão, Sérgio Camargo, fechou acordo para ocupar um prédio antigo da EBC. Contudo, há relatos de radioatividade no local
atualizado
Compartilhar notícia
Após o vai e vem de Sérgio Camargo no comando da Fundação Palmares, o jornalista se envolveu no que pode tornar-se uma nova polêmica – agora, com os próprios servidores e terceirizados do órgão que, ora sim, ora não, ele coordena.
Ele fechou um acordo para instalar a nova sede da fundação em um antigo prédio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Contudo, o edifício é conhecido por ter problemas de infraestrutura, além de possível contaminação por radioatividade. A informação é embasada em antigas denúncias. Algumas, inclusive, geraram direitos trabalhistas adquiridos.
Nesta semana, Camargo usou as redes sociais para comemorar a parceria com o presidente da EBC, general Luiz Carlos Pereira Gomes, que cedeu o local para a fundação. “O acordo resultará em economia de R$ 3 milhões/ano com aluguel (30% do nosso orçamento), que será aplicada em atividades-fim”, escreveu.
Ver essa foto no Instagram
O corte de gastos celebrado por Sérgio Camargo, no entanto, não é visto com bons olhos pelos funcionários da Fundação Palmares que serão transferidos do atual edifício – localizado no Setor Comercial Sul (SCS), em Brasília – para a Asa Norte. Isso porque o local anteriormente foi alvo de outros impasses, que envolvem inclusive radioatividade, fato que preocupa a todos que trabalharão no prédio.
Em 2014, conselheiros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ficaram em pé de guerra com o então presidente do órgão, ministro Joaquim Barbosa, justamente por causa desse edifício. Ele teve a mesma ideia de transferir a sede do CNJ para o antigo prédio da EBC.
Na época, houve polêmica após funcionários resgatarem processos em que uma funcionária obteve, na Justiça, o direito a ganhar adicional de insalubridade justamente pela presença de radioatividade no prédio em função dos equipamentos de transmissão. A insalubridade foi registrada entre os anos de 2006 e 2009 em decisão proferida pelo ministro Hugo Carlos Scheurmann, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A história foi resgatada pelos atuais servidores e gerou pânico.
“Carrasco”
Quando voltou ao cargo de presidente da fundação Palmares, Camargo tratou de extinguir órgãos colegiados. Agora, ele fica responsável por tomar decisões das áreas, que antes eram tomadas em conjunto. Além disso, ele demitiu uma série de funcionários.
Segundo um integrante do órgão, que não quis ser identificado, o medo de perder o emprego faz com que os empregados trabalhem cada vez mais nervosos e que mantenham o máximo de distância do chefe da pasta. “Com esse novo presidente, a gente é perseguido aqui”, disse. “Se falar alguma coisa, você é ‘cortado'”, continuou.
O funcionário da fundação relatou que, após ficarem sabendo da transferência para o antigo prédio da EBC, os colegas ficaram incomodados. “Todos os funcionários estão em pânico de ir para esse local. A gente estava tentando se reunir para mandar uma empresa medir a radiação”, contou. O processo ainda está em curso.
Outro lado
Procurada pela reportagem do Metrópoles e questionada sobre a concessão do prédio e se o edifício continua com os mesmos problemas de infraestrutura, a EBC se limitou a dizer que “a empresa está em fase de tratativas”.
A Fundação Palmares não se manifestou até o momento. O espaço continua aberto para posicionamentos.