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Previdência, privatizações e menos tributos são pilares da nova gestão

Superministro da Economia afirma que não decidirá problemas do Brasil sozinho: “Todos vão ter que se envolver”

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1 de 1 Paulo-Guedes1 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Já empossado como superministro da Economia, após receber o cargo dos três responsáveis durante o governo Temer pelas pastas da Fazenda; do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria e Comércio Exterior, Paulo Guedes afirmou na tarde desta quarta-feira (2/1) que “a democracia estava capenga sem a centro direita” no Brasil.

Para o novo ministro de Jair Bolsonaro (PSL), os problemas enfrentados pelo Estado não dependem apenas de uma única pessoa. “Não existe um superministro, alguém que vai resolver os problemas do país sozinho. Todos vão ter que se envolver”, afirmou. Paulo Guedes destacou a intenção da nova gestão federal em simplificar impostos.

“Vamos abrir a economia, simplificar impostos, privatizar. Vamos descentralizar os recursos e vamos apoiar a área social porque os Chicago oldies (economistas que estudaram na Universidade de Chicago e estão no governo Bolsonaro) nunca tiveram só essa face da estabilização, do regime fiscal monetário, câmbio flexível”, explicou. “Eles sempre tiveram a outra face do capital humano, da importância do investimento em saúde, em educação”, disse, garantindo que a equipe técnica das pastas da área econômica será mantida e reforçada com novos talentos.

Quanto ao desequilíbrio das contas públicas, Guedes foi enfático: “O primeiro e maior gasto é com previdência, que é uma fábrica de desigualdades. Quem legisla e quem julga têm as maiores aposentadorias”.  Ele disse que o governo Bolsonaro atacará firmemente os gastos públicos. “O descontrole sobre a expansão dos gastos públicos é o mal maior”, observou.

Guedes reiterou que o caminho é a aprovação das reformas, sobretudo a da Previdência. “Seriam 10 anos de crescimento garantido”, ressaltou. Mas caso as reformas não passem, o ministro apresentará uma Proposta de Emenda Constitucional do Pacto Federativo, o que, segundo ele, seria a desindexação, a descentralização do orçamento do país, compartilhando a responsabilidade dos gastos com estados e municípios.

Para o ministro, sem as reformas o Brasil atinge o teto dos gastos. E a PEC proposta joga a responsabilidade do equilíbrio fiscal do país nas mãos do Congresso. “É o caso que, se der errado, pode dar certo”, disse. “Então o capitão [Bolsonaro] poderá ser o caminho para a reabilitação da classe política, que pode assumir o controle do orçamento.”

O ministro da Economia acrescentou: “Se enfrentarmos a previdência, temos 10 anos de crescimento sustentável pela frente. O Brasil foi corrompido pelo excesso de gastos e parou de crescer pelo excesso de gastos. A reforma do Estado é a chave para a correção desse fenômeno”.

Guedes salientou que a má gestão dos gastos públicos é o fantasma que aparece em todas as disfunções financeiras, como hiperinflação, moratória e juros altos. “Há uma hora que isso tem que parar. E a hora é agora”, disse.  Ele citou os pontos que o governo Bolsonaro vai investir: abrir a economia, descentralizar os recursos com estados e municípios, privatizar, simplificar impostos e cuidar da área social, com saúde e educação. “Principalmente a educação básica. Do 0 aos 9 anos, que é quando o ser humano se forma ou se perde”, declarou.

Os bancos públicos se perderam em grandes problemas com piratas privados e burocratas políticos. Burocratas corruptos e criaturas do pântano político se associaram contra o povo brasileiro. O governo age como se não houvesse amanhã, se endivida e transfere pra frente

Paulo Guedes, ministro da Economia

Ele destacou que o Banco Central é independente para definir a taxa de juros, mas disse que “o estoque da dívida está aí e cumprimos contratos”. Conforme sinalizou, o futuro secretário especial de Desestatização e Desinvestimentos, Salim Mattar, fará a correção de desequilíbrios. “Vamos vender ativos, desacelerar a dívida, talvez controlemos nominalmente essas despesas. Deixa de ser a asfixia de recursos para saúde, educação, cidadania, e o Brasil deixará de ser paraíso do rentista e inferno para empreendedores”, afirmou.

Cerimônia concorrida
A posse de Guedes foi prestigiada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O ministro do Planejamento da gestão Temer, Esteves Colnago, abriu a cerimônia e fez questão de ressaltar a importância de uma das medidas tomadas pelo governo Michel Temer: o teto de gastos. “Entre outros pontos, o teto nos leva a não aumentar impostos, ele nos obriga a adequar os gastos públicos à nossa receita”, disse.

Logo depois, o agora ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior Marcos Jorge de Lima ressaltou o avanço que o Brasil, segundo ele, experimentou nos últimos dois anos. “Geramos um ambiente para atrair investimentos e gerar oportunidades internamente”, destacou. Como exemplo de projeto exitoso, ele citou o Portal Único de Comércio, que uniu as pastas de Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda. “Com o portal, reduzimos prazos e custos de importação e exportação e aumentamos a competitividade do Brasil no mercado internacional”, colocou.

Eduardo Guardia, por sua vez, disse sair do governo com a sensação do dever cumprido. “Entregamos um país melhor do que aquele que encontramos em maio de 2016”, observou. “Superamos a pior crise da nossa história, dois anos seguidos de recessão e 13 milhões de desempregados. Tudo fruto de um brutal desequilíbrio fiscal que o Brasil sofreu”, afirmou.

Bolsonaro já empossou o ministro Sérgio Moro, do Ministério da Justiça e Segurança Pública; a ministra Tereza Cristina, do Ministério da Agricultura; o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, e o ministro Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde. A solenidade continuará durante a tarde desta quarta, até que toda a equipe ministerial do presidente assuma os cargos. (Com agências)

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