metropoles.com

Nos estados, PSL se alia a partidos “rivais” de Bolsonaro

Filiados à sigla mantêm cargos em gestões de legendas adversárias do presidente e que terão candidatos em 2022

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
JP Rodrigues/Metrópoles
Bolsonaro no Alvorada, 26/08
1 de 1 Bolsonaro no Alvorada, 26/08 - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

A falta de unidade que caracteriza a bancada federal do PSL — e que ajudou o presidente Jair Bolsonaro a decidir pela desfiliação do partido — também é observada na posição dos representantes da sigla nos estados. À frente de três governos, a legenda se divide, ora na oposição ora na situação. E chega a ser aliada de siglas que, em 2022, terão candidatos próprios à Presidência ou que integram o Centrão, bloco partidário criticado por bolsonaristas nas redes sociais.

A participação no primeiro escalão dos governos muda de acordo com o local. No Rio, o PSL comanda as secretarias da Ciência e Amparo à Pessoa com Deficiência da gestão de Wilson Witzel (PSC). No Rio Grande do Sul, a pasta de Desenvolvimento Econômico foi entregue à legenda pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) nomeou para a secretaria de Segurança Pública, à época, um filiado da sigla, que hoje não faz parte do partido. Esses três partidos projetam disputar o Planalto daqui a três anos.

Após se elegerem governadores na onda conservadora que deu a vitória a Bolsonaro no ano passado, Witzel e o tucano João Doria, de São Paulo, já se descolaram do governo federal em busca do mesmo eleitorado. E já são tratados como adversários pelo presidente, que passou a falar abertamente sobre sua intenção de disputar um segundo mandato.

No Rio, berço político de Bolsonaro, a relação é de confronto depois que o nome dele surgiu na investigação da morte da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), ocorrida em março de 2018. O presidente reagiu e afirmou que Witzel vazou a informação à imprensa para prejudicá-lo. O governador nega.

Com Doria, o relacionamento também é distante, embora menos conturbado. Em São Paulo, o PSL não participa do governo nem faz parte da base aliada na Assembleia Legislativa. “Doria é um marqueteiro, que tem um projeto nacional. Tanto que ele não se refere aos cidadãos do estado como paulistas, mas como ‘brasileiros que vivem em São Paulo’”, disse o deputado do PSL Douglas Garcia.

O parlamentar aliado a Bolsonaro, no entanto, reconheceu que a bancada paulista vota com o governo nas pautas ligadas à economia e ao enxugamento do Estado. “Mas votamos contra aquelas que dão aumento salarial a agentes públicos, por exemplo”, afirmou Garcia.

Já Zema tem defendido um alinhamento ao governo Bolsonaro. O mineiro, apoiado pelo candidato derrotado à Presidência pelo Novo, João Amoêdo, tem como vice-líder no Legislativo um deputado do PSL, Coronel Sandro, que se declara independente. “Eu sou vice-líder do governo, mas nos consideramos um bloco independente. Há um alinhamento com a pauta econômica, privatizações, redução de impostos, redução do Estado, defesa das forças de segurança, mas somos contra as pautas de costumes”, disse o deputado.

No Rio Grande do Sul, o discurso de independência é o mesmo, apesar de os parlamentares do PSL apoiarem as pautas do governo Leite. “Já votamos contra, mas como é um governo de direita, em várias pautas a gente acaba acompanhando: pautas econômicas, privatizações, enxugamento da máquina, questões ligadas ao liberalismo econômico. Em algumas pautas fomos contra, como o aumento dos salários da diretoria do banco Banrisul. Mas, no geral, não é difícil acompanhar o governo”, disse o líder da bancada do PSL na Assembleia Legislativa, Coronel Zucco.

Centrão
O PSL apoia pelo menos outros cinco governadores, com participação direta ou não no dia a dia da máquina. No Pará, por exemplo, o presidente estadual do partido foi nomeado por Helder Barbalho (MDB) secretário de Justiça e Direitos Humanos. No Acre, Gladson Cameli (PP) escolheu o ex-prefeito de Acrelândia Tião Bocalom para a direção da empresa estadual de fomento ao agronegócio.

Em Goiás, a sigla fez indicações a cargos menores, do segundo e terceiro escalões. E os deputados estaduais estão na base de Ronaldo Caiado (DEM). Roraima e Rondônia são comandados por filiados do PSL e mantêm o partido em suas respectivas bases aliadas.

Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, assim como no Tocantins e no Amazonas, a postura oficial dos parlamentares é de neutralidade. Oposição mesmo só em relação às gestões consideradas de esquerda, como os governos comandados por PT e PSB.

Nesse xadrez, Santa Catarina é a maior surpresa. Apesar de ter sido eleito pelo PSL, o governador Carlos Moisés não é benquisto por bolsonaristas por defender pautas ambientais e por manter diálogo com movimentos sociais, como os de moradia, e representantes da causa LGBT. Após menos de um ano de governo, a bancada no estado está rachada.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?