No Senado, Carlos França critica sanções à Rússia e blinda Bolsonaro
Chanceler brasileiro afirmou que punições ao país russo “não fazem sentido” e defendeu o presidente das acusações sobre apoiar a guerra
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, defendeu no Senado Federal que o Executivo “não está de acordo” com aplicações de sanções “unilaterais e seletivas” à Rússia pelo conflito bélico com a Ucrânia, que completa um mês nesta quinta-feira (24/3). O chanceler ainda blindou o presidente Jair Bolsonaro (PL) das críticas pelo apoio manifestado ao líder russo, Vladimir Putin.
“Reitero que o Brasil não está de acordo com a aplicação de sanções unilaterais e seletivas. Essas medidas, além de ilegais perante o direito internacional, preservam concretamente os interesses urgentes de alguns países”, afirmou França, em sessão de debates temáticos destinada a discutir a guerra no Leste Europeu.
O chanceler citou como exemplo as crises enfrentadas por demais países europeus para suprir o abastecimento de petróleo e gás a nações europeias. “As sanções atingem produtos essenciais à sobrevivência de grande parcela da população mundial. Refiro-me aqui a alimentos e a insumos necessários para a produção desses alimentos”, prosseguiu.
O titular do Itamaraty citou o exemplo dos fertilizantes fosfatados, importados pelo Brasil da Rússia, que decidiu por interromper a distribuição do produto aos parceiros econômicos do setor. “Precisamos desses fertilizantes. Eles são igualmente essenciais para evitar a fome e garantir a sobrevivência econômica e a estabilidade política das nações em desenvolvimento, ou seja, de países que respondem por três quartos da população”, defendeu.
“O grande risco das sanções do modo como têm sido implementadas é que suas consequências recairão, no médio prazo, mais sobre o mundo em desenvolvimento do que sobre a própria Rússia, enquanto resguardam os interesses de países desenvolvidos de seus piores efeitos”, destacou o ministro.
Para França, as sanções “não fazem sentido”. “Os efeitos colaterais sobre terceiros países sejam mais graves do que os efeitos sobre o próprio objeto dessas sanções”, completou.
Ainda no encontro, o chanceler disse que “não julga adequado” que países interpretem as declarações de Bolsonaro como manifestações de apoio à Rússia na guerra, mesmo o presidente tendo expressado, publicamente, ser “solidário” ao país comandado por Putin.