No Planalto, Bolsonaro fala em variadas “interferências no Executivo”
Presidente não especificou quais pessoas ou instituições que estariam interferindo, mas reafirmou que joga dentro da Constituição
atualizado
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Em evento no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (28/1), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que, no ano de 2021, houve interferências no Poder Executivo, “as mais variadas possíveis”. O mandatário não especificou quais pessoas ou instituições que estariam interferindo, mas defendeu que ele joga dentro da Constituição.
Bolsonaro rememorou ações do governo federal e desafios enfrentados por ocasião da pandemia de Covid-19.
“Enfrentamos também outras atribulações. Interferências no Executivo, as mais variadas possíveis. Sempre, da nossa parte, jogando com aquilo que nós temos e aquilo que nós juramos respeitar por ocasião da nossa posse, a nossa Constituição”, afirmou.
Ele participou de lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário.
Em outras ocasiões, Bolsonaro já reclamou de interferências do Judiciário e, em especial, do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relata inquéritos que avançam sobre o presidente e seus aliados.
Bolsonaro não comentou a determinação feita pelo ministro Alexandre de Moraes para que preste depoimento presencial à Polícia Federal às 14h desta sexta-feira. O mandatário deverá explicar vazamento do inquérito do ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O chefe do Executivo ainda discute com a Advocacia-Geral da União (AGU) a possibilidade de não cumprir a decisão de Moraes.
O evento no Planalto contou com a presença do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que desceu a rampa ao lado de ministros de Estado.
Entenda
Bolsonaro é investigado sobre o vazamento dos dados sigilosos. A investigação foi solicitada pelo TSE a Moraes após Bolsonaro divulgar, em 4 de agosto de 2021, a íntegra de um inquérito sigiloso da Polícia Federal, como forma de atacar a segurança das urnas eletrônicas.
A PF intimou Bolsonaro a depor no ano passado. Em 29 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para que a oitiva fosse realizada. No entanto, quando o tempo estava acabando, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu prorrogação, e o ministro concedeu mais 60 dias de prazo — que vence nesta sexta.
Mesmo assim, como o presidente não indicou a data de seu depoimento, e a AGU mandou uma peça dizendo que ele decidira não mais depor, o ministro marcou a oitiva para esta sexta.
Segundo o ministro, a Constituição garante a réus e investigados o direito ao silêncio e a não se autoincriminar, mas não permite a recusa prévia e genérica a determinações legais, ainda mais quando já aceitas pela defesa.