No Brasil, mais de 70% dos diretórios partidários são temporários
Imperam nas siglas as comissões provisórias, mais suscetíveis ao controle de caciques; só 28% são diretórios constituídos
atualizado
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Dos 42.480 órgãos partidários registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria absoluta – 30.436 – são temporários. Destes, são 30.344 comissões provisórias e 92 interventoras, revela levantamento do (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles. Apenas 12.044 deles, cerca de 28%, são diretórios formalmente constituídos.
Na prática, os diretórios envolvem a eleição de um presidente local e estão, em tese, mais independentes em relação aos caciques partidários. As comissões provisórias são instituídas pelos dirigentes estaduais, que normalmente colocam seus próprios aliados no comando delas – o que facilita o controle das verbas partidárias, por exemplo.
Às vésperas de ano eleitoral, para escolha dos chefes dos mais de 5 mil municípios brasileiros, o Congresso aprovou uma lei, promulgada em maio, que fixou prazo de vigência de até oito anos para os órgãos provisórios. A medida deve facilitar que dirigentes controlem os partidos nos respectivos estados.
No topo da lista de quem mais tem diretórios definitivos estão PT (1.876), MDB (1.876) e PSDB (1.731). No caso do PT, só 14% são comissões provisórias. No MDB e PSDB, o índice de órgãos temporários fica em torno de 32% (há ainda, no caso tucano, 2 comissões interventoras).
Por outro lado, quem mais tem órgãos provisórios é o PL (2.700), seguido pelo PSD (2.190), partidos ligados ao grupo chamado “Centrão”. PTB, Republicanos, Podemos e PSB aparecem todos na faixa dos 1,7 mil comissões.
Número de diretórios
Quem está mais estruturado em termos de representações partidárias, ou seja, tem mais órgãos espalhados pelo país, é o PL, que está em 3.223 cidades. O PSD, embora tenha sido criado em 2011, é o segundo da lista, com 2.711.
Na terceira colocação aparece o MDB (2.631), seguido por PSDB (2.582) e PSB (2.573).
A presença em muitas cidades pode ser um trunfo para esses partidos nas próximas eleições, as primeiras sem coligações para os pleitos proporcionais.
Isto porque, sem a possibilidade de que legendas se unam para apresentar nomes para a eleição de vereadores, partidos que têm mais capilaridade podem se beneficiar. Tanto pela presença em diversas cidades quanto pelo número de filiados: a previsão é de que haja um inchaço de candidaturas para que as chapas somem votos bastantes para atingir o quociente eleitoral.