“Ninguém tem dúvida que pré-sal é viável”, diz ex-diretor da Petrobras
Formigli destacou que a indústria brasileira precisa demonstrar “resiliência” para enfrentar a atual queda de preços internacionais do petróleo
atualizado
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Em seu primeiro pronunciamento após deixar a diretoria da Petrobras, em fevereiro, José Formigli defendeu nesta terça-feira, 27, a viabilidade do pré-sal brasileiro mesmo em um cenário contínuo de baixos preços internacionais de petróleo. Hoje consultor, Formigli deixou a direção da Petrobras após a renúncia coletiva da diretoria, junto com a ex-presidente Graça Foster, em meio à crise institucional decorrente da Operação Lava Jato. O ex-diretor afirmou que o corpo técnico da estatal é o que “sustenta a empresa e faz vencer todas as dificuldades”.
Formigli destacou que a indústria brasileira precisa demonstrar “resiliência” para enfrentar a atual queda de preços internacionais do petróleo. Segundo ele, o patamar de óleo a US$ 50 deve permanecer como tendência para os próximos anos, o que promoveria uma “seleção natural” entre os projetos das petroleiras.
“Hoje ninguém mais duvida do pré-sal e de sua viabilidade técnica e econômica. A Petrobras e suas sócias têm tido atividade lucrativa no pré-sal e outras empresas têm interesse na área, o que demonstra a atratividade econômica do projeto”, afirmou Formigli em debate promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), na conferência OTC.
Formigli ainda destacou que o momento é importante para desenvolver a competitividade da indústria no País. “Não pode haver barreiras artificiais para essa competitividade, deve haver condições isonômicas de acesso às reservas, de regulação e de tributação”, ressaltou.
Sem citar a Operação Lava Jato, o ex-diretor destacou a importância da indústria para a economia brasileira, que “pelo menos até o último ano” representava cerca de 12% do PIB nacional. “A Petrobras é o que é como empresa pelo corpo técnico É o que sustenta a empresa, e faz sempre o seu sucesso. É o que a faz vencer todas as dificuldades que passa”, finalizou.
Consenso
No debate, o presidente do IBP, Jorge Camargo, reiterou as críticas ao atual modelo regulatório do País, especialmente sobre conteúdo local e a exclusividade da Petrobras como operadora única dos campos do pré-sal. “Hoje o Brasil não é competitivo por escolhas nossas, que faziam sentido em um cenário e hoje não fazem mais”, afirmou.
Para Camargo, entretanto, há sinalizações de que o governo e a indústria podem chegar a uma “convergência” em relação à necessidade de mudanças no modelo atual. “A ficha está caindo, está se formando um consenso na academia, entre os políticos, o governo, sobre essas questões. Não são grandes mudanças, mas aprimoramentos. O pré-sal é muito maior que uma empresa, por melhor que ela seja”, completou.