“Não temos problema com compromissos ambientais”, diz Haddad na França
Ministro Fernando Haddad está na França com Lula para tratar, entre outros temas, do impasse na negociação do acordo Mercosul-União Europeia
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (22/6) que o Brasil não tem problema em relação aos compromissos ambientais assumidos. A fala foi proferida em Paris, onde o ministro acompanha a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi questionado sobre os entraves que emperram a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia.
Eles participam de cúpula promovida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e, entre outros temas, tratam dos impasses do acordo entre os dois blocos.
A França é um dos países com condicionais mais rígidas para apoio ao acordo. Na última semana, a câmara baixa do Parlamento francês aprovou resolução contra a ratificação do acordo.
“Não estamos com problema nenhum em relação aos compromissos ambientais”, disse Haddad à imprensa. “Não tem um item da agenda ambiental que o Brasil não se insira de forma notável. Nós temos as melhores condições de oferecer ao mundo um lugar seguro para investir”, prosseguiu.
Além de uma reunião bilateral entre Lula e Macron, Haddad deverá se reunir com o ministro de Finanças francês, Bruno Le Maire, com quem conversou há duas semanas por videoconferência.
“Penso que podemos fazer conversa mais clara sobre as reais possibilidades da França aprovar o acordo, apesar desse revés que tivemos recentemente”, afirmou o ministro brasileiro.
Uma carta enviada pela União Europeia (UE) em maio prevê sanções adicionais ligadas à agenda ambiental. Lula considerou o documento “inaceitável”.
“A carta adicional que a UE mandou ao Brasil é inaceitável, porque eles colocam punição a qualquer país que não cumpre o Acordo de Paris. Nem eles cumpriram o Acordo de Paris. É preciso que eles tenham um pouco mais de sensibilidade, de humildade”, declarou Lula, em coletiva de imprensa.
Segundo o mandatário, o Mercosul estuda uma contraproposta à UE, para que o acordo “favoreça a todos”. Ele também pediu que os países integrantes do bloco europeu abram mão do “perfeccionismo e do protecionismo” para que seja construída a possibilidade de um acordo.
Acordo Mercosul-UE
Em negociação há pelo menos 20 anos, a concretização do tratado comercial é uma das apostas do petista para o terceiro mandato. No entanto, esbarra em entraves impostos por nações do bloco europeu, principalmente relacionados à proteção ambiental.
O acordo de livre comércio está em negociação desde 1999, e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). O documento, porém, ainda não foi ratificado; logo, não entrou em vigor.
Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado pelos parlamentares de todos os países-membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação. Caso seja concluído, o documento criará a maior zona de livre comércio no mundo.
Agenda verde
Haddad ainda indicou que, a partir de agosto, o governo brasileiro vai começar a lançar medidas sobre a transição ecológica, inclusive tocando em temas da agricultura.
“Não é verdade que não temos um empresariado agrário que não tenha interesse nessa agenda ambiental. Ele sabe que as exportações brasileiras vão estar cada vez mais condicionadas à maneira como a gente produz nossa carne, nossos grãos. Isso está na agenda do mundo todo e dos produtores brasileiros. O que temos que oferecer aos produtores enquanto Estado são caminhos para superar risso, antevendo o que vai vir no mundo, que está vivendo uma crise ecológica”, indicou.