“Não sou candidato. Intervenção não é eleitoral”, diz Temer
O presidente rebateu as acusações de que o governo está fazendo a intervenção no Rio de Janeiro pensando nas eleições
atualizado
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O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (23/2) em entrevista à rádio Bandeirantes que não será candidato à reeleição. Ele rebateu as acusações de que o governo está fazendo a intervenção no Rio de Janeiro pensando nas eleições.
“Eu não sou candidato”, disse Temer na entrevista à rádio Bandeirantes, completando: “Eu não serei candidato”.
Temer destacou sua carreira política e disse que as circunstâncias o levaram à Presidência. “Quando cheguei na presidência disse que tenho uma missão, dificílima, porque não é fácil isso daqui. É uma coisa complicadíssima”, destacou, ressaltando que já é “muito feliz” de ter exercido a presidência nesse mandato.
A declaração é feita após ter seu nome defendido por aliados como postulante à reeleição com base na expectativa de que o decreto de segurança possa atrair capital eleitoral para o presidente. “O presidente Michel Temer é uma opção do MDB para ser candidato a presidente da República, se ele assim o entender. O partido defende candidatura própria, nós temos várias opções e vamos trabalhar no sentido de termos candidatura própria”, declarou Jucá após reunião da Executiva da sigla, na quarta-feira (23).
A medida, agora classificada como “jogada de mestre”, foi vista como eleitoreira por pré-candidatos ao Palácio do Planalto, como o deputado Jair Bolsonaro (PSD-RJ), e parlamentares da oposição. O presidenciável ministro Henrique Meirelles (Fazenda), por exemplo, disse não ver problema em disputar com Temer a Presidência.
“Seria uma competição”, disse o ministro. “Evidentemente, com mais candidatos fora dos dois extremos, a competição seria maior”, completou ele. Para Meirelles, a participação de Temer “não invalidaria” sua candidatura, mas apenas elevaria as alternativas no centro político.
No entanto, essa possível candidatura enfrenta resistências não apenas em partidos da base aliada do governo, mas no próprio MDB pela baixa popularidade de Temer.
Lula
O presidente disse que não seria adequado se manifestar sobre o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a possibilidade de ele ficar fora das eleições por causa da condenação em segunda instância, mas repetiu achar melhor que ele pudesse participar do pleito. “Eu acho que se ele tiver condição de disputar acaba uma coisa meio mítica, ele vai pra eleição se for eleito muito bem, se não for”, disse, reiterando que não defenderia essa posição porque o tema está no Poder Judiciário. “E seria uma intervenção em outro Poder.”
Temer disse ainda acreditar que as eleições vão ocorrer dentro da normalidade e mesmo que haja “evidentemente” um “momento político eleitoral que é mais convulsionado”, para o presidente, as instituições estão funcionando. “No caso do Lula, o que vai acontecer com ele eu não sei, porque é uma questão judicial, e se soubesse não falaria”, destacou.
Ao ser questionado sobre a divisão no quadro eleitoral, com a polarização entre Lula e Bolsonaro, e também com diversos pré-candidatos do centro, Temer afirmou que “o ideal dos ideias seria ter dois candidatos”, o que significaria poucos partidos. “Essa coisa de espalhar um número grande de candidaturas não é bom”, afirmou.
Foro privilegiado
O presidente disse que não tem preocupação em ficar sem o foro privilegiado. “Eu não tenho nenhuma preocupação com essas denuncias pífias”, disse. Para Temer, as “conspirações de natureza moral” que tentaram o derrubar não foram fáceis, mas mostraram o seu “prestigio no congresso nacional”. Segundo o presidente, em nenhum momento, ele teve receio de perder o cargo. Ele é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal sobre suspeitas de irregularidades no Decreto dos Portos.
O presidente disse que espera chegar ao fim do seu mandato podendo dizer que cumpriu o lema que está na bandeira no Brasil, de ordem e progresso. “Não vou tolerar a história de sair da presidência como um sujeito corrupto”, completou.
Para Temer, as “conspirações de natureza moral” que tentaram derrubá-lo não foram fáceis, mas mostraram o seu “prestígio no Congresso Nacional”, na votação das denúncias. Segundo o presidente, em nenhum momento, ele teve receio de perder o cargo.