“Não somos da polícia”, disse tucano ao pedir R$ 10 mi para barrar CPI
O ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014, é acusado de cobrar propina da empreiteira Queiroz Galvão para barrar CPI da Petrobras
atualizado
Compartilhar notícia
A força-tarefa da Operação Lava Jato anexou aos autos da Operação Resta Um, 33ª fase da maior ação contra corrupção no País, transcrição dos diálogos da reunião na qual, em 2009, o então presidente do PSDB Sérgio Guerra supostamente cobrou R$ 10 milhões para barrar a CPI da Petrobras. Além de Guerra, participaram do encontro o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), o diretor de Abastecimento da Petrobras naquele ano, Paulo Roberto Costa, o operador de propinas Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, um executivo da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, e um empreiteiro da Galvão Engenharia, Erton Medeiros.
Em um primeiro momento da conversa, Sérgio Guerra declarou. “A primeira coisa é o seguinte, essa chamada CPI tem origem em vários movimentos, em várias origens, lá atrás eu conversei com algumas pessoas de vocês e dei um rumo nessa história, pro meu lado, né, como era pra ter todo o combate sem ir atrás das pessoas, primeiro porque nós não somos da polícia, segundo porque eu não gosto disso, terceiro, porque acho que não construía em nada.”Sérgio Guerra morreu em março de 2014. Em outro trecho da conversa, em 2009, o tucano foi taxativo. “É uma coisa deplorável fazer papel de Polícia, Parlamentar fazendo papel de polícia.”
No encontro, segundo a investigação da Lava Jato, os seis discutiram “a necessidade de concluir as investigações da CPI da Petrobras de 2009 preferencialmente com um relatório ‘genérico’ sem a responsabilização das pessoas”. “Nossa gente vai fazer uma discussão genérica, não vamos polemizar as coisas”, afirmou Sérgio Guerra a seus interlocutores, na reunião.