“Não queremos inclusivismo”, diz Milton Ribeiro sobre crianças com deficiência
Na semana passada, ministro da Educação afirmou que “há crianças com grau de deficiência que é impossível a convivência”
atualizado
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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a comentar sobre a presença de crianças com deficiência em escolas do Brasil. Ele afirmou que o governo federal não concorda com o “inclusivismo”. Mesmo após ser criticado por diversos setores da sociedade pela declaração, o chefe da Educação reforçou o argumento de que há crianças com “um grau de deficiência que é impossível a convivência”.
“Nós não queremos o inclusivismo, criticam essa minha terminologia, mas é essa mesmo que eu continuo a usar”, disse o ministro em entrevista à rádio Jovem Pan nessa segunda-feira (23/8).
“Esse diagnóstico de limitações que as pessoas possuem é um diagnóstico feito pela sociedade. Estamos no meio das paralimpíadas, nós descobrimos que tem pessoas que têm limitações físicas, no caso, que não podem competir com outras que não têm. Nesse paralelismo, embora com grandezas diferentes, foi que eu usei ao me referir a esses 11,9%, 12%” justificou Ribeiro.
Na semana passada ele afirmou que, de 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas, 12% têm um “grau de deficiência que é impossível a convivência”.
“Dentro desses 12%, temos algumas crianças que têm problemas de visão, elas não podem estar na mesma classe. Imagina uma professora de geografia: “aqui é o rio Amazonas” para uma criança que tem deficiência visual, são elas também. Tem outras que são surdas, por exemplo, tem uma gama de crianças que têm alguns graus de autismo e tem um grupo que a gente esquece que são os superdotados, que também estão nesse grupo, que precisam de uma atenção especial”, completou.
Contudo, Ribeiro defendeu que nenhuma escola tem o direito de se recusar a matricular um aluno. “Nenhum diretor tem autoridade de negar a matrícula de uma pessoa com deficiência em uma escola pública, eles não podem fazer isso, não é isso que estou falando”, defendeu.
O chefe da pasta também disse que cometeu um erro ao dizer que crianças com deficiência “atrapalhavam” o aprendizado de outros estudantes, mas não abriu mão de dizer que o convívio atrapalha o desenvolvimento de ambos.
“Eu, quando usei a palavra atrapalhar, fui infeliz, eu disse isso, mas usando com todo cuidado, vou fazer novamente, se usei a palavra atrapalhar, um atrapalha o outro. Nesse sentido de caminhar na educação. A palavra atrapalhar não é a melhor, a gente se equivoca, mas um prejudica o progresso do outro”, justificou.