“Não precisa ser do PSDB”, diz FHC sobre candidato que apoiará em 2022
Ex-presidente FHC afirmou que está disposto a apoiar quem tenha musculatura para vencer os extremos: “Prefiro PSDB, mas não é sine qua non”
atualizado
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Ex-presidente da República por dois mandatos, entre 1995 e 2002, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que está disposto a apoiar um candidato que não seja do PSDB na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022. “Eu prefiro que seja, mas não é condição sine qua non”, afirmou em entrevista ao Metrópoles.
“Precisa ser alguém capaz de simbolizar um caminho mais progressista, que olhe para a maioria da população, que respeite a democracia. E que seja capaz, que inspire confiança, aqui e lá fora. Alguém que tenha musculatura suficiente para fazer as coisas andarem. Aí eu vou junto”, disse (confira a partir de 9’50”).
FHC falou das possíveis candidaturas dos tucanos João Doria e Eduardo Leite, governadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul respectivamente: “Todos os dois têm condições, mas precisam convencer os outros de qual é o caminho”. “A essa altura da vida, eu me preocupo com a posição partidária, mas [me preocupo] mais com a posição política”, afirmou.
Fernando Henrique Cardoso, que tem se posicionado contra a reeleição do presidente Bolsonaro em 2022, indicou que também não apoia o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Segundo ele, o Brasil não está em um momento de “repetições” (7’25).
Questionado sobre a postura de Ciro Gomes (PDT), que vem se colocando como a melhor alternativa para 2022, FHC deu sua opinião: “Muita presunção” (10’07”). Sem adjetivar, o ex-presidente FHC citou o nome do apresentador de televisão Luciano Huck em diversos momentos da entrevista.
“Quem fizer [alguma mudança no país] vai ter apoio do povo. A pessoa precisa ter capacidade de agregar forças tanto do centro-esquerda ou do centro-direita, não dos extremos. O Lula pode não ser extremista, mas ele significa uma ligação de um passado que já passou. E o outro [Bolsonaro] é um presidente que já morreu… Não morreu, está vivo. Mas é um presidente que eu não gosto”, definiu (10’26).
Pandemia de Covid-19
Fernando Henrique, que completa 90 anos em 18 de junho, afirmou que o presidente da República “vai pagar o preço pelo que diz” sobre a pandemia de Covid-19. O ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco lembrou da ocasião em que o chefe do Executivo classificou o coronavírus como uma “gripezinha”, e aproveitou para criticar as constantes trocas de comando no Ministério da Saúde, órgão diretamente responsável pelo combate à crise sanitária.
Ao Metrópoles, Fernando Henrique comentou que o Brasil “sente falta de um rumo” quanto ao combate contra o vírus, que já matou, segundo dados divulgados nessa quinta-feira (18/3) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), mais de 287 mil pessoas (1’56).
Ao atacar a terceira troca no comando do Ministério da Saúde durante um ano de pandemia, FHC ponderou que considera grave o novo titular da pasta – o médico cardiologista Marcelo Queiroga – seguir os ideais do presidente Bolsonaro, já que o país “vai mal”.
“Nunca os ministros têm total autonomia, a responsabilidade sempre é do presidente, porque mesmo que você dê autonomia o ministro depende muito de você [presidente], precisa estar de acordo com a linha que ele está seguindo. O que me preocupa agora é o fato de o presidente ter trocado tantas vezes de ministro. Ele não está de acordo com nenhum ou, pelo menos, os ministros não se sentem amparados. Isso é grave, vamos ver o que vai acontecer com esse”, disse (5’46).
Confira: