“Não posso pressionar a Anvisa”, diz Bolsonaro sobre vacina da Covid-19
Após participar de um jogo beneficente na Vila Belmiro, em Santos, o presidente voltou a criticar o uso de máscara e alfinetar a imprensa
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta segunda-feira (28/12), que não pode pressionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo aval imediato de vacinas contra o coronavírus. O chefe do Executivo federal deu as declarações após um jogo beneficente na Vila Belmiro, em Santos (SP).
“No meu entender, para deixar bem claro, um dos dispositivos da lei de março dava 72 horas para a Anvisa certificar. Agora, a Anvisa quer 10 dias e o Congresso, cinco. Nós temos que ter responsabilidade”, falou.
Mais cedo, Bolsonaro disse que o processo de registro de vacinas contra a Covid-19 não pode ser feito às pressas devido aos possíveis efeitos colaterais do imunizante. Tanto a autorização para uso emergencial quanto o registro regular de vacinas dependem da autorização da Anvisa.
“Agora, se eu vou na Anvisa, que é um órgão de Estado, [e digo] ‘Corre aí’, ‘Não sei o que lá’, eu estou interferindo. Até hoje não provaram a minha interferência na PF”, pontuou.
Segundo o chefe do Executivo, os laboratórios têm interesse em vender os imunizantes para o Brasil devido ao grande mercado consumidor do país.
Uso de máscara
Sem máscara, ao lado de jogadores, o presidente voltou a criticar o uso do equipamento de proteção. “Pior é quem está com máscara em estúdio e quando está em Miami está sem máscara”, falou.
Bolsonaro disse, ainda, que tem sido um chefe de Estado verdadeiro e que o “caminho do fracasso é dizer ‘sim’ para todo mundo”. “Eu não vou dar uma de um cara aqui de São Paulo que mandou aplicar uma coisa e usou outra”, disse, sem citar explicitamente o governador do estado, João Doria.
Imprensa
Durante as falas na tarde desta segunda, Bolsonaro alfinetou jornalistas que o questionaram sobre o andamento do processo da imunização no país. Em tom de ironia, ele chegou a dizer que vai pedir ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que priorize a imprensa na vacinação.
“Se eu puder arrumar uma chinesa, você toma?”, perguntou o presidente a uma jornalista. Na sequência, ele afirmou que não pode dar uma vacina a população sem mostrar os efeitos colaterais que ela pode causar.
“O povo não tem consciência do que tá acontecendo. Não sabe interpretar uma bula. Eu não posso fazer uma campanha sem mostrar os riscos. Eu, inclusive, quero um termo de responsabilidade”, voltou a dizer Bolsonaro.