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‘Não nasci senador e não vou morrer senador’, diz Delcídio

O advogado afirma que, para ele, a filiação partidária e o mandato são coisas menores. O foco da defesa é em explicar a armação que foi feita a partir das gravações

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Jefferson Rudy/Agência Senado
delcídio amaral
1 de 1 delcídio amaral - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) recebeu nesta terça-feira (1º/12), visita de políticos do Mato Grosso do Sul, seu reduto eleitoral. Nas conversas, avaliou que dificilmente conseguirá manter seu mandato após instaurado processo de quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado. “Não nasci senador e não vou morrer senador. Cumpri meu papel”, disse o parlamentar, conforme relato do presidente estadual do PT no Estado, Antônio Carlos Biffi.

As regras sobre os procedimentos de visitas ao parlamentar foram estabelecidas ontem, um dia após o encontro com os aliados. De acordo com portaria da Polícia Federal, o senador está autorizado a receber pessoas nos horários de 10h às 11h ou de 15h às 16h. Na prática, essa autorização já vinha sendo adotada desde que Delcídio foi preso na quarta-feira passada, sob a acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Contudo, devido à falta de definição por parte do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal resolveu emitir um documento oficial sobre o assunto. “Ele está bem ciente das dificuldades que vai enfrentar. Mas, para ele, a filiação partidária e o mandato são coisas menores. O foco dele é em explicar a armação que foi feita”, afirmou Biffi.

Além dele, também estiveram presentes no encontro, que durou cerca de uma hora, os deputados federais Vander Loubet (PT-MS), Zeca do PT (PT-MS) e Dagoberto (PDT-MS), além do prefeito de Jardim, Erney Cunha (PT).

A reunião ocorreu no mesmo dia em que os partidos Rede Sustentabilidade e PPS apresentaram ao Conselho de Ética do Senado pedido de investigação contra Delcídio. A iniciativa pode resultar na cassação do mandato do senador. “O ano legislativo acaba no dia 22 e, se não me falha a memória, só o prazo para o Delcídio se defender é de dez a 15 dias. Tivemos vários processos anteriores. Nenhum caso foi decidido com menos de 60 dias”, ressaltou o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA).

Ligado ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ele foi um dos que votaram pela liberação de Delcídio em sessão realizada no plenário do Senado na quinta-feira passada. “Eu não votei pela permanência dele na prisão. Não achei que era flagrante. E também achava que ele deveria ter tido o contraditório. Não significa que eu não possa mudar minha opinião no andar do processo”, ressaltou.

Expulsão
No encontro com lideranças políticas do Mato Grosso do Sul, Delcídio também minimizou a possibilidade de ser expulso do PT, medida defendida publicamente pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão. “Acho que o Rui errou, como errou o Supremo, como errou o Senado. Para mim tanto faz como tanto fez, se ele vai me expulsar ou não”, destacou o senador, segundo Biffi.

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