“Não é fácil”, diz Janot a conselheiros sobre Lava Jato na PGR
“Posso dizer a vocês que não é fácil, mas investigação não pode ter ideologia nem lado. Deus me livre do local em que a pessoa escolhe a quem investigar. Isso não é democracia”, disse o procurador-geral
atualizado
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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta terça-feira (14/6), aos membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que “não é fácil” estar a frente das investigações da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, mas que vai continuar o trabalho de forma republicana.
“Posso dizer a vocês que não é fácil, mas investigação não pode ter ideologia nem lado. Deus me livre do local em que a pessoa escolhe a quem investigar. Isso não é democracia”, disse o procurador-geral, ao responder ao apoio recebido pelos conselheiros. “Temos de ser retos enquanto atuarmos no Ministério Público e, republicanamente, dar a todos o mesmo tratamento”.
“Se temos o Brasil num caminho mais acertado, devemos isso não somente ao presidente do CNMP e ao procurador-geral da República, mas ao cidadão Rodrigo Janot”, elogiou o conselheiro Walter de Agra, representante da OAB no conselho. “Continue nesse caminho, nós precisamos de líderes como vossa excelência”, disse outro conselheiro, Orlando Rochadel.
Na última sexta-feira (10), em um pronunciamento contundente, Janot rebateu críticas e negou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha sido responsável por vazar a informação de que ele enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de prisão contra líderes do PMDB – como forma de pressionar o relator da Lava Jato na Corte, ministro Teori Zavascki.
Na ocasião, Janot apontou que a teoria foi disseminada por “figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter o decoro” e enviou à Polícia Federal um ofício para se apurar o responsável pelo vazamento. Caberá ao diretor-geral do órgão, Leandro Daiello, dar início ao procedimento.
Sem citar nomes, o recado de Janot teve, aparentemente, um remetente em especial: o ministro do STF Gilmar Mendes que, na semana passada, criticou os vazamentos, disse que o caso trata-se de uma “brincadeira” com a Suprema Corte e “abuso de autoridade”, insinuando que as informações teriam sido divulgadas pela PGR.
“Nunca terei transgressores preferidos, como bem demonstra o leque sortido de autoridades investigadas e processadas por minha iniciativa perante a Suprema Corte. Da esquerda à direita; do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da lei, no que depender do Ministério Público”, afirmou Janot.