“Não aumentamos nem vamos aumentar impostos após pandemia”, diz Bolsonaro
O presidente participou, nesta quinta-feira (22/10), da cerimônia de formatura dos alunos do Instituto Rio Branco
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou, nesta quinta-feira (22/10), da cerimônia de formatura dos alunos do Instituto Rio Branco e da entrega de insígnias a diplomatas. Durante o evento, o chefe do Executivo falou que não aumentará impostos no pós-pandemia.
Além disso, o mandatário brasileiro revelou ter convidado diplomatas de outros países para sobrevoo entre Manaus e Boa Vista, no qual, segundo ele, representantes estrangeiros “não verão sequer um foco de incêndio ou um hectare de terra queimado“. O titular do Planalto participou da solenidade acompanhado da primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), e de parte dos seus ministros. O evento começou às 11h, no salão do Palácio do Itamaraty.
“Estamos simplificando impostos. O governo federal não aumentou impostos durante a pandemia e não aumentará quando ela nos deixar. Nós preservamos a liberdade de imprensa. Imprensa brasileira, em nenhum momento vocês ouviram deste presidente algo parecido como controle social da mídia. Apesar de tudo, nós suportamos o que vocês escrevem, mostram e divulgam, sem qualquer retaliação da nossa parte”, assinalou o presidente.
Protesto de preocupação
Do lado de fora, um grupo formado por familiares de militares de baixa patente e pensionistas protestava contra Bolsonaro, acusando-o de traição por ter beneficiado apenas oficiais com o pagamento de reajuste. O alto oficialato das Forças Armadas foi uma das categorias poupadas pela lei que congelou aumento de remunerações do funcionalismo público até o fim de 2021.
O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) divulgou nota alegando receio em relação à cerimônia, com público previsto de 250 pessoas. “Apesar de concordar com as homenagens à carreira de diplomata, o Sinditamaraty manifesta preocupação com a organização de um evento presencial de grande porte, uma vez que os casos e mortes por infecção da Covid-19 ainda não estão controlados no Brasil”, diz a entidade.
O Sinditamaraty chegou a encaminhar ofício à Secretaria Geral do ministério pontuando sobre a observância dos protocolos de prevenção. Além disso, o sindicato pediu a criação de uma lista com os nomes de todos os presentes para posterior acompanhamento em caso de confirmação de infecção por Covid-19.
“Pária internacional”
O ministro Ernesto Araújo rebateu as críticas que o Brasil recebe quanto à condução de sua política internacional. Ele também elogiou discursos de Bolsonaro e Trump na Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU).
“Os presidentes Bolsonaro e Trump foram os únicos a falar em liberdade naquela organização que foi fundada no princípio da liberdade, mas que a esqueceu. Sim, o Brasil hoje fala em liberdade ao redor do mundo. Se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária. Que sejamos esse Severino, que sonha, essa Severina, que reza”, disse, referindo-se à obra-prima de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina. A citação foi uma alusão ao patrono da turma de formandos.
Professora de inglês do Instituto Rio Branco e paraninfa dos formandos da turma João Cabral de Melo Neto, Sarah Walker relembrou que três ministros do Itamaraty, incluindo o atual ocupante do cargo, Ernesto Araújo, a quem relembrou fazer parte de “uma turma brilhante”, foram seus alunos. Em seu discurso, a veterana da instituição de diplomatas se disse “quase um patrimônio histórico” do instituto.
Sarah Walker também citou, por várias vezes, a obra-prima do diplomata, poeta e patrono da turma Morte e Vida Severina e lamentou por não tê-lo conhecido em vida. Em seu discurso, a docente ainda elogiou as bolsas de estudos oferecidas a estudantes negros. “Modelo inteligente de ação afirmativa as bolsas para afrodescendentes”, frisou.