Na PF, Maluf deve encontrar Joesley e Wesley Batista, da JBS
Executivos da JBS estão custodiados na mesma ala para onde foi levado o ex-prefeito de São Paulo
atualizado
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O deputado Paulo Maluf (PP-SP) deve encontrar na carceragem da Polícia Federal, em São Paulo, os empresários Joesley e Wesley Batista. Os donos da JBS estão custodiados na sede da corporação, na capital paulista, desde setembro, na mesma ala para onde foi levado o ex-prefeito de São Paulo. Condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias por lavagem de dinheiro, Maluf entregou-se nesta quarta-feira (20/12) à PF.
O deputado afirmou que Joesley “induziu conversa (com o presidente) em que não teve absolutamente nenhum tipo de crime”. Maluf descreveu o presidente, na ocasião, como “um homem honesto, probo, correto e decente”.Em julho, Maluf criticou Joesley por causa da gravação que o empresário fez de uma conversa com o presidente Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março. O diálogo amparou o cerco do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o peemedebista.
“Temer é vítima de um complô, pois os criminosos não estão no Palácio, são aqueles que assaltaram a Nação e compraram frigoríficos do mundo inteiro com dinheiro do Brasil”, afirmou, na época, Maluf sobre os donos da JBS.
Acomodações
A cela da carceragem da PF tem cerca de 12 m². Na parte da frente, há uma beliche, uma mesa e um banco. Nos fundos, um vaso e um chuveiro, um de frente para o outro. Essas serão as acomodações do deputado federal e ex-prefeito paulista.
Maluf se entregou à PF na manhã desta quarta-feira, após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou prendê-lo. O parlamentar estava acompanhado de quatro advogados ao se apresentar aos federais.
O deputado, de 86 anos, deixou a PF em um carro preto descaracterizado por volta das 11h para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Cerca de uma hora depois, voltou à PF, onde seria encaminhado à carceragem.
Como cumpre pena por condenação, a legislação estabelece que o deputado seja mandado para uma prisão estadual – o pedido deve ser feito pela Polícia Federal à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que fica responsável por achar uma vaga no sistema prisional do Estado.
Acusações
Maluf foi acusado de lavagem de dinheiro em movimentações bancárias de US$ 15 milhões entre 1998 e 2006 em contas na Ilha de Jersey, paraíso fiscal localizado no Canal da Mancha.
O deputado e ex-prefeito de São Paulo (1993-1996) foi condenado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, em 23 de maio, mas ainda estava sob pendência de embargos infringentes na ação penal 863. Nesta terça (19), o ministro Edson Fachin argumentou que o plenário do STF, ao julgar uma questão de ordem no processo do Mensalão, firmou o entendimento de que cabe ao relator da ação penal originária analisar monocraticamente a admissibilidade dos embargos infringentes opostos em face de decisões condenatórias, o que o levou a decidir pela prisão do político.
A defesa de Maluf afirma que o deputado está doente. Os advogados vão entregar à Justiça na tarde desta quarta, laudos médicos que comprovariam a luta do ex-prefeito contra um câncer. Os documentos, segundo os advogados, atestam que o parlamentar fez recentemente quimioterapia.
Além disso, os atestados também reforçarão o pedido da defesa para que Maluf permaneça em São Paulo, onde reside. Os advogados vão pleitear junto à Vara de Execução Penal do Distrito Federal a prisão domiciliar do político, por causa de seu estado de saúde. Em 1997, Maluf submeteu-se a uma cirurgia de câncer na próstata. A defesa não informou detalhes sobre o tratamento atual, realizado no Hospital Sírio-Libanês.