Na Hungria, Bolsonaro diz que “guerra não interessa a ninguém”
Presidente citou retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia, que é questionada pela Otan e pelos EUA
atualizado
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Após reunião com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, em Budapeste, nesta quinta-feira (17/2), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia representa “um gesto de que a guerra realmente não interessa a ninguém”.
A retirada, porém, é questionada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que continua monitorando as movimentações militares na região. O secretário-geral da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, informou que vê a ação com “otimismo cauteloso”.
Em declaração à imprensa, Bolsonaro indicou ter tratado das tensões entre Rússia e Ucrânia na reunião com o primeiro-ministro húngaro. Ele ainda voltou a falar em “coincidência” entre sua visita a Moscou e a retirada das tropas russas. A correlação, sem fundamento, tem sido explorada por bolsonaristas em memes nas redes sociais desde o início da semana.
“Trocamos informações sobre uma possibilidade ou não de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. E passei para ele o meu sentimento que tive dessa viagem, até mesmo pela coincidência de ainda estarmos em voo para Moscou e parte das tropas russas serem desmobilizadas da fronteira. Entendo, sendo coincidência ou não, como um gesto de que a guerra realmente não interessa a ninguém”, afirmou Bolsonaro.
“E não interessa ao mundo que dois países entrem em guerra, porque todos perdem com isso. Em especial, obviamente, a vizinhança, que é uma preocupação do Orbán e do seu presidente”, prosseguiu.
Em fala proferida antes de Bolsonaro, Órban afirmou que a Hungria quer evitar uma guerra na região.
Na noite de quarta-feira (16/2), os Estados Unidos disseram que a Rússia adicionou até 7 mil militares na fronteira com a Ucrânia, contradizendo as alegações de Moscou sobre o recuo das tropas.
Além das questões políticas, os dois líderes ainda expressaram afinidades em matéria ideológica. Bolsonaro chamou a Hungria de “pequeno grande irmão” e Orbán destacou a convergência de valores entre os dois.
Agendas na Rússia e Hungria
Bolsonaro chegou à Rússia na tarde de terça-feira (15/2), onde passou menos de 48 horas. A agenda oficial do presidente se concentrou na quarta-feira (16/2). O principal compromisso foi a reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, no Kremlin, sede do governo russo.
Os dois presidentes ficaram a sós praticamente todo o tempo, acompanhados apenas de intérpretes. Além de uma reunião de trabalho, almoçaram juntos e deram uma declaração conjunta ao final.
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Houve também um encontro de Bolsonaro e sua comitiva com um grupo de empresários. Ministros de Estado trataram ainda da venda, por empresas russas, de insumos para produção de fertilizantes agrícolas, que enfrentam escassez mundial. O Brasil importa boa parte desses produtos, tendo a Rússia como um de seus principais vendedores.
Na capital russa, Bolsonaro assinou um protocolo de emenda a um acordo de 2008 firmado entre Brasil e Rússia sobre proteção mútua de informações.
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Bolsonaro deixou o hotel Four Seasons, onde estava hospedado em Moscou, nesta quinta-feira por volta das 7h30, horário local, 1h30 da manhã em Brasília. O avião presidencial decolou do aeroporto da capital russa em direção à Budapeste cerca de uma hora depois.
O primeiro evento na capital húngara foi uma cerimônia em homenagem aos heróis húngaros. Bolsonaro depositou uma coroa de flores na Lápide Memorial. Na sequência, ele teve uma reunião privada com o presidente húngaro, János Áder.
Com Orbán, foram assinados acordos nas áreas da defesa, ajuda humanitária e recursos hídricos. Após a declaração, Orbán ofereceu um almoço em homenagem a Bolsonaro na Karmelita Kolostor, edifício em que funciona o gabinete do primeiro-ministro.
Depois, Bolsonaro terá uma reunião ampliada com o Presidente da Assembleia Nacional, László Köver. Não estão previstos outros pronunciados e Bolsonaro deve encerrar a passagem pelo leste europeu no fim da tarde desta quinta. A Hungria está quatro horas à frente de Brasília.
A previsão é de que o chefe do Palácio do Planalto desembarque no Brasil na sexta-feira (18/2). Ele seguirá direto para o Rio de Janeiro, onde pretende sobrevoar as áreas atingidas pelas fortes chuvas que mataram mais de 100 pessoas em Petrópolis, Região Serrana do Rio.