Na CPI, Renan diz que Bolsonaro estava envolvido na compra da Covaxin
O senador destacou que o deputado Luís Miranda e o irmão, servidor da Saúde, tentaram alertar o presidente sobre suspeitas no contrato
atualizado
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O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu, nesta quarta-feira (23/6), o aprofundamento das investigações sobre a aquisição da vacina indiana contra a Covid-19 Covaxin pelo governo federal.
Calheiros destacou que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) tentou alertar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a situação, mas, segundo o emedebista, o presidente faria parte dela. “Não sabia ele [Luís Miranda] que o presidente da República estava diretamente envolvido”, disse.
O Ministério Público Federal (MPF) apura indícios de crime na negociação. O irmão do deputado, Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, afirmou, em depoimento ao MPF, que sofreu pressão atípica pela importação da vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, mesmo sem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como ocorreu com as demais.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), frisou que se tratava de “uma ilação” e que o relator não poderia “prejulgar o posicionamento do presidente da República”. “Discordamos das ilações”, ressaltou.
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) dizia que a medida provisória não serviria para acordos internacionais, quando o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) interrompeu-o.
“Não desinforme as pessoas”, disse. “Está aqui a medida provisória com a cláusula que o senhor mencionou, acrescentou Randolfe.
“Eu ouvi as asneiras que foram faladas aqui o tempo todo”, rebateu Marcos Rogério. “O senhor aqui é o campeão de asneiras”, replicou Randolfe. “Fica rolando lero o tempo todo”, continuou o vice-presidente.
Diversos parlamentares começaram a falar e, diante da discussão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), resolveu encerrar a sessão. Antes, Aziz destacou a mudança de postura do Ministério da Saúde, em nota divulgada na terça-feira (23/6).
Anteriormente, a pasta informava que os imunizantes só poderiam ser adquiridos após a aprovação da Anvisa. Agora, o ministério afirma que pode comprar vacinas sem o aval da agência reguladora, e que somente a distribuição fica condicionada à autorização do órgão.
“Compra, espera aqui e depois que aprovar distribui. Até então, só comprava depois que era aprovado”, citou Aziz, acrescentou: “Há uma mudança radical por causa da vacina. Mudou o discurso radicalmente”.
O Ministério da Saúde encomendou as doses por R$ 1,6 bilhão em fevereiro, mas até agora nenhuma chegou ao Brasil.