Na CPI, advogada liga Prevent Senior a “gabinete paralelo” e a “interesses” do Ministério da Economia
Bruna Morato representa ex-médicos da Prevent Senior e diz que a empresa procurou relação com governo após críticas do ex-ministro Mandetta
atualizado
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A advogada Bruna Morato, representante de ex-médicos da Prevent Senior, afirmou, nesta terça-feira (28/9), que a direção da operadora de saúde buscou aproximação com o chamado “gabinete paralelo”, suposto grupo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia da Covid-19.
Bruna Morato disse que seus clientes relataram haver preocupação da diretoria executiva da Prevent Senior em se aproximar do Ministério da Saúde, após críticas do então ministro Luiz Henrique Mandetta.
“Pedro Batista tentou se aproximar do Ministério da Saúde por causa das críticas do ministro Henrique Mandetta, com a proliferação do vírus na empresa. Nessa tentativa, ele buscou um médico que era primo ou sobrinho do Mandetta. Essa aproximação não teria dado certo”, relatou a advogada à CPI da Covid-19.
“De modo que ele [Pedro Batista] tentou se aproximar de supostos assessores que estariam orientando o governo federal, esses assessores estariam alinhados com o interesses do Ministério da Economia”, acrescentou.
Bruna Morato, todavia, destacou que, em momento algum, ouviu o nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas que as propostas do gabinete estavam alinhadas aos interesses do Ministério da Economia, no sentido de não deixar o país parar.
“Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo”, afirmou a depoente, acrescentando que o grupo propunha como a solução a administração de hidrocloroquina.
A advogada citou os nomes dos médicos Anthony Wong, Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto, que fariam parte deste grupo. “A Prevent Senior iria entrar para colaborar com essas pessoas, que chamamos na denúncia como ‘pacto’”, disse.
Os profissionais de saúde representados por Bruna Morato elaboraram um dossiê entregue à comissão. O documento apresenta denúncias de uso indiscriminado, nos hospitais da empresa, de medicamentos — como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina — sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19.
A empresa, conforme revelou o Metrópoles, adotou o protocolo de administrar esses fármacos e passou dados para acompanhamento do governo federal. O padrão de uso foi desenvolvido com a ajuda de ao menos um membro do “gabinete paralelo”, que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia.
Além disso, a operadora de saúde é acusada de ter coagido médicos para que aplicassem as drogas em pacientes, sem o conhecimento deles ou dos familiares, e até do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A empresa também é suspeita de ter ocultado, em estudo sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19.
Outra acusação que pesa sobre a empresa é a adulteração de atestados de óbitos para ocultar a morte de pacientes por Covid-19. Os médicos teriam sido orientados a mudarem os prontuários.