Na Câmara, reforma da Previdência não aproveitará texto de Temer
Líderes partidários concordaram que proposta do presidente Jair Bolsonaro começará a tramitar do zero. Base ainda está desarticulada
atualizado
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Em reunião nesta quarta-feira (6/2), líderes partidários na Câmara chegaram a um consenso de que o texto a ser enviado pelo Palácio do Planalto sobre a reforma da Previdência começará a tramitação do zero. Ou seja, a proposta enviada anteriormente pelo governo de Michel Temer (MDB), que já está pronta para ser votada no plenário da casa, não será aproveitada.
O acordo começou a ser construído na terça-feira (5/2), em encontro entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente reeleito da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Diante disso, a proposta terá um andamento bem mais lento do que o pretendido pelo Planalto e pela base do governo. Agora, o texto começa a tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para, em seguida, ser apreciado por uma comissão especial antes de ser levada ao plenário.
De acordo com o líder do PCdoB, Orlando Silva (SP), a decisão foi acertada. “Há um consenso de que não cabe fazer nenhum tipo de apensamento à proposta que o Temer enviou para a cá. Se o governo tem um novo projeto, ele deve ter o rito inicial na CCJ e seguir as regras e os prazos previstos em regimento. Creio que esse é o entendimento comum”, enfatizou.
O deputado Alessandro Molon confirmou ter ouvido do próprio presidente da Casa, Rodrigo Maia, que a tramitação anterior não será aproveitada. “Não haverá atropelo”, disse. Para ele, a aprovação deve levar mais de três meses, prazo apontado por Maia. “Se o que foi acordado for de fato seguido, alguns meses serão necessários. Falar em três é completamente irreal. É vender ilusão”, criticou. “Trata-se de um tema que mexe muito com a vida de cada brasileiro”, ponderou.
Desarticulação
A reunião desta quarta-feira demonstrou que a base do governo ainda se encontra desarticulada e que o líder escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), ainda não conta com inserção perante os governistas.
Ao sair da reunião, o deputado tentou minimizar o descompasso entre o governo e a base. “Há uma aproximação para ser feita ainda”, disse o líder. “Houve durante a campanha teses de que o governo não negociaria, não conversaria com os partidos, com as frentes parlamentares e com os grupos temáticos. Mas o governo vai prestigiar os líderes”, completou.