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Mulheres ocupam menos de 30% do secretariado executivo do governo Lula

Dos 37 secretários-executivos de ministérios, só 11 são mulheres; maioria (24) dos ocupantes é formada por homens brancos

atualizado

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Lula e ministros
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Um levantamento feito pelo Metrópoles apontou que 24 dos 37 secretários-executivos que compõem a Esplanada dos Ministérios do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são homens brancos; apenas 11 são mulheres; quatro negros ou pardos, uma asiática e outro indígena.

Os ministérios de Minas e Energia e dos Transportes foram os últimos a escolher seus secretários-executivos. Mas a preferência por homens brancos não mudou.

Das 11 secretárias-executivas, apenas três são mulheres negras: Roberta Cristina Eugenio dos Santos Silva (Igualdade Racial), Rita Cristina de Oliveira (Direitos Humanos) e Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores). 

Na Esplanada, há apenas três indígenas, incluindo ministros: Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas e seu secretário-executivo, Eloy Terena; além de Wellington Dias, do Desenvolvimento Social. 

Entretanto, uma das promessas de campanha de Lula foi a igualdade racial e de gênero, inclusive, em seu próprio governo. No discurso da vitória, feito no dia 31 de outubro, o petista elencou suas prioridades:

“Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras”, disse.

Duas indicações foram comemoradas por militantes e por parte da sociedade, de Anielle Franco (Igualdade Racial) e de Silvio Almeida (Direitos Humanos).

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Irajá Lacerda (secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Pecuária)
Miriam Aparecida Belchior (secretária-executiva da Casa Civil)
O veterano Hildo Rocha, com dois mandatos de deputado federal no currículo, ficou irado com a demissão
Ricardo Zamora  (secretário-executivo da Secretaria de Comunicação)
Sônia Faustino Mendes (secretária-executiva do Ministério das Comunicações)
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Vânia Lúcia Ribeiro Vieira (secretária-executiva da Controladoria-Geral da União)

Sylvio Sirangelo/TRF4
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Irajá Lacerda (secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Pecuária)

Ministério da Agricultura e Pecuária
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Miriam Aparecida Belchior (secretária-executiva da Casa Civil)

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
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O veterano Hildo Rocha, com dois mandatos de deputado federal no currículo, ficou irado com a demissão

Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados
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Ricardo Zamora (secretário-executivo da Secretaria de Comunicação)

Reprodução / Redes sociais
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Sônia Faustino Mendes (secretária-executiva do Ministério das Comunicações)

Ministério das Comunicações / Reprodução
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Márcio Tavares (secretário-executivo do Ministério da Cultura)

Reprodução / Redes sociais
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Luis Fernandes (secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)

Luara Baggi / MCTI
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Luiz Henrique Pochyly (secretário-executivo do Ministério da Defesa)

Reprodução
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Osmar Ribeiro de Almeida Junior (secretario-executivo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome)

Reprodução / Câmara dos Deputados
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Rita Cristina de Oliveira (secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos)

Clarice Castro - Ascom/MDHC
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Izolda Cela (secretária-executiva do Ministério da Educação)

Reprodução/redes sociais
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Fernando Avelino (secretário-executivo do Ministério dos Esportes)

Reprodução/Redes sociais
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Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda

Divulgação/Ministério da Fazenda
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Roberto Pojo (secretário-executivo do Ministério de Gestão e Inovação)

Reprodução / Redes sociais
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Ricardo José Nigri (secretário-geral do GSI)

Divulgação/GSI
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Roberta Eugênio (secretária-executiva do Ministério da Igualdade Racial)

Reprodução/LinkedIn
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Ricardo Cappelli (secretário-executivo do Ministério da Justiça)

Wey Alves/Especial Metrópoles
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João Paulo Capobianco (secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente)

Divulgação/IEA-USP
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Efrain Pereira da Cruz (secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia)

Saulo Cruz/MME
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Maria Helena Guarezi (secretária-executiva do Ministério das Mulheres)

Divulgação/Ministério das Mulheres
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Engenheiro Roberto Gusmão será o número 2 de Márcio França no Ministério dos Portos

Divulgação/Porto de Suape
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Gustavo Guimarães (secretário-executivo do Ministério do Planejamento)

Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
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Eloy Terena (secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas)

Reprodução/ Redes Sociais
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Wolney Queiroz (secretário-executivo da Previdência Social)

Arquivo/Câmara dos Deputados
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Maria Laura da Rocha (secretária-executiva do Ministério das Relações Exteriores)

Divulgação/Ascom MRE
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Swedenberger Barbosa (secretário-executivo do Ministério da Saúde)

Walterson Rosa/MS
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Georfe André Palermo (secretário-executivo do Ministério dos Transportes)

Arquivo pessoal
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Maria Fernanda Ramos Coelho (secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência)

Antonio Cruz / Agência Brasil
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Olavo Noleto (secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais)

Reprodução / Redes sociais
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Francisco Macena da Silva (secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego)

Wiki Commons
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Marcos Elias Rosa (secretário-executivo do Ministério de Indústria e Comércio)

Reprodução / Alesp
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O Metrópoles não conseguiu identificar imagens dos secretários-executivos do Ministério do Turismo, do Desenvolvimento, da Pesca e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar

Hugo Barreto/Metrópoles

Ala estratégica

Núcleos estratégicos da Esplanada como a área econômica, infraestrutura e na Presidência sofrem com ausência de diversidade no segundo escalão. A secretaria-executiva do Ministério da Fazenda de Fernando Haddad tem à frente é Gabriel Galípolo. Ele é o “número dois” da pasta.

Simone Tebet, ministra do Planejamento, escolheu Gustavo Guimarães para o posto; quem destoou foi Esther Dweck, ministra de Gestão, que escolheu Cristina Kiomi Mori para o cargo. 

Na ala de Infraestrutura também não há diversidade. Jader Filho, ministro de Cidades, escolheu o deputado Hildo Rocha ao cargo, enquanto Márcio França, de Portos e Aeroportos, escolheu Roberto Eduardo Gusmão.

As indicações “brancas” se repetem nas Relações Institucionais , Casa Civil e Secretaria-Geral da Presidência com Olavo Noleto Alves, Miriam Belchior e Mario Fernandes, respectivamente. 

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, que se identifica como indígena, nomeou como como seu “número dois” Osmar Ribeiro de Almeida Júnior; Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, que se identifica como homem negro, escolheu Ricardo Cappelli para o posto. 

Oportunidades

A consultora Renata Camargo explicou que as oportunidades no Brasil são destinadas a homens brancos e que isso está na formação do país.

“Desde sempre o Brasil é um país que oferece 99,9% das suas oportunidades para homens brancos, tudo há muito tempo, é feito para essa parcela da população dominar os espaços. E tem dado certo. É isso que vemos há séculos”, disse. “Criou-se um poder hegemônico, uma crença que só essas pessoas são confiáveis e capazes”, completou.
De acordo com ela, o tal “lugar de fala” das populações minorizadas, enquanto abria portas para discutir questões, criou também um “único lugar permitido” para essas pessoas se expressarem e fechou o resto.

“Pessoas, que não são minorias, mas foram minorizadas, falando nesse espaço somente aconteceu após a popularização do conceito ‘Lugar de Fala’ por aqui, então criou-se apenas um único lugar permitido para essa pessoas falarem e mesmo assim, esse lugar é desacreditado, é visto como ‘mimimi’. Os demais lugares, como seguimos vendo, continuam sendo espaços onde a sociedade acredita que minorias não são aptas a ocupar”, concluiu.

Expectativa de mais homens 

O governo Lula está próximo de completar 100 dias e finalmente o segundo escalão da Esplanada está completo. O Metrópoles questionou as pastas sobre a demora nas indicações. Renan Filho, ministro dos Transportes, afirmou que já há um nome indicado para a função, de George Santoro, mas ele não foi nomeado oficialmente.

“Ele [George Santoro] deixou na terça-feira [14/3] a secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas e vai assumir a secretaria executiva do Ministério dos Transportes. Espero nomear essa semana, no máximo na próxima”, disse.

Nas redes sociais, Santoro anunciou sua saída do cargo em uma publicação: “Hoje encerrei minha passagem na Secretaria da Fazenda de Alagoas!” […] Encerro este ciclo com o sentimento de dever cumprido e acreditando que pude contribuir no processo de construção do desenvolvimento visto no estado de Alagoas ao longo destes últimos oito anos.”

O economista deixou o comando da Secretaria da Fazenda de Alagoas para assumir o cargo em Brasília. A Fazenda alagoana agora está sob o comando de Renata dos Santos – ela era secretária de Planejamento, Gestão e Patrimônio do Estado (Seplag).

George Santoro / reprodução redes sociais

A assessoria do Ministérios dos Transportes disse ao Metrópoles que a pasta é a composta por um “amplo corpo técnico” e que está em “plena atividade”.

“Composto por um amplo corpo técnico, o Ministério dos Transportes está em plena atividade, como evidenciado pelo lançamento do Plano de 100 Dias de ações prioritárias, incluindo atuação imediata em rodovias afetadas pelas chuvas e estratégia logística para garantir o escoamento da safra deste ano, além da retomada de contratos de manutenção em estradas e assinatura, pelo ministro Renan Filho, do contrato e da ordem de serviço de obras na BR-116/RS”, diz a pasta em nota.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, escolheu Efrain da Cruz para o posto após uma longa negociação. A assessoria havia explicado que seu processo está ocorrendo de forma gradual, “considerando a responsabilidade e o relevante papel deste ministério para os setores de energia, mineração, petróleo, gás e biocombustíveis.”

Em nota, a pasta explicou que o ministro estava priorizando nomes técnicos e servidores de carreira. “A diretriz estabelecida pelo ministro Alexandre Silveira é de valorização de técnicos, nomeando, sempre que possível, servidores de carreira. Em função disso, os atuais secretários do Ministério de Minas e Energia já estão sendo reconhecidos e altamente elogiados pelo mercado e pelo governo.

Efrain da Cruz foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele é apontado como um nome ligado aos senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Marcos Rogério (PL-RO), este em licença.

Bruno Eustáquio era o favorito para ocupar a cadeira, mas desagradou a cúpula do governo devido seu envolvimento com a privatização da Eletrobras e por ser visto como um bolsonarista.

O que faz um secretário-executivo? 

Conhecido pelo jargão “número dois”, ou seja, depois do ministro é quem mais tem autoridade no ministério, o secretariado-executivo é destinado à quem tem conhecimento técnico da área de competência da pasta.

O profissional fica responsável por coordenar a representação da pasta em órgãos vinculados e encontros técnicos, orientar e acompanhar a sua atuação; assistir o Ministro de Estado na supervisão e na coordenação das atividades das secretarias integrantes da estrutura do Ministério e de suas entidades vinculadas.

O site entrou em contato com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos sobre a questão e não obteve retorno até a data desta publicação. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

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