MST e jovens do Levante protestam em frente à casa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
Durante quarenta minutos, cerca de 400 pessoas, a maior parte delas jovens, pediram a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados
atualizado
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Um grupo de aproximadamente 400 pessoas protestou, na tarde desta segunda-feira (02/11), com um escracho em frente à casa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os manifestantes pertencem ao movimento Levante Popular da Juventude e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O grupo realizou um enterro simbólico de diversos projetos de lei considerados conservadores, patrocinados pela bancada evangélica da Casa. Entre eles, estão o Estatuto da Família, que restringe o conceito de família à união entre um homem e uma mulher, e o PL 5.069/2013, de autoria do próprio Cunha, que dificulta o acesso ao aborto legal.Na guarita da residência oficial do parlamentar, foram colados “lambes” de papel e realizadas pichações no chão com a hashtag “Fora Cunha”. No portão, o grupo pendurou uma faixa com a mesma mensagem.
Após quarenta minutos, os ativistas encerraram o protesto. A polícia acompanhou o movimento. Ao todo, seis viaturas estiveram no local, com 24 policiais – 12 militares e 12 legislativos. Cabe à Polícia Legislativa fazer a segurança da residência oficial. A reportagem tentou contato por telefone com o presidente da Câmara, mas não teve retorno.
Entre os gritos de guerra entoados pelo movimento, estavam “Ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai” e “Essa cara conservadora que está no Congresso não nos representa”.
Segundo o militante do MST Janderson Barros, de 30 anos, o ato é uma crítica ao conservadorismo do presidente da Câmara dos Deputados.
Estamos aqui para denunciar as atitudes conservadoras de Cunha na Câmara. Além do genocídio dos índios e transgressões contra o direito dos trabalhadores
Janderson Barros, militante do MST
O movimento está acampado na unidade de Planaltina do Instituto Federal de Brasília (IFB) desde sexta-feira (31/10), em um evento denominado “Acampamento Popular da Juventude”. Cinco ônibus levaram os ativistas à Península dos Ministros, na QL 12 do Lago Sul.
A coordenadora e porta-voz do Levante, Laura Lyrio, afirma que Cunha é o “inimigo popular número um da população. Ele representa o que há de mais conservador no Congresso”.
Assista à entrevista:
No último sábado (31/10), movimentos feministas também pediram a saída do presidente da Câmara, em ato realizado na Rodoviária do Plano Piloto. A principal crítica do grupo era ao Projeto de Lei 5.069/2013. Na ocasião, o grupo levava faixas e cartazes com frases como “Cunha, seu opressor, esse PL defende o estuprador” e “O corpo é meu e o Estado é laico”.
Manifestações similares foram realizadas por diversas cidades do país, ao longo do fim de semana. No Rio de Janeiro, as organizadoras estimam que pelo menos 5 mil pessoas protestaram em passeata entre a Assembleia Legislativa e a Cinelândia. Já em São Paulo, a organização contabilizou 1,5 mil pessoas reunidas na Avenida Paulista.
O PL 5.069, de autoria de Cunha, dificulta o acesso de mulheres vítimas de violência sexual à pílula do dia seguinte e ao aborto legal. Caso seja aprovada pelo Congresso, a iniciativa obrigará mulheres violentadas a comunicarem o abuso sofrido às autoridades policiais e a fazerem o exame de corpo de delito para comprová-lo.