MPF ratifica denúncia contra “quadrilhão do MDB” e inclui mais cinco
Força-tarefa da Greenfield mantém acusação do ex-procurador-geral Janot contra grupo político de Temer e denuncia cinco réus em ação
atualizado
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Os procuradores da força-tarefa Operação Greenfield ratificaram a denúncia oferecida pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, em setembro de 2017, contra integrantes do grupo político do MDB da Câmara. A acusação é resultado do inquérito que ficou conhecido como “quadrilhão do MDB” e apura a atuação do grupo político do presidente Michel Temer e de seus aliados Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco.
A Procuradoria da República do DF não divulgou os nomes das cinco pessoas inseridas na nova denúncia. Segundo o MPF, os novos personagens também teriam participado da suposta organização criminosa que atuava na Caixa e em outros órgãos públicos cujos titulares de cargos de chefia teriam sido indicados pelos representantes do grupo político do MDB da Câmara dos Deputados.O caso foi desmembrado, e a parte referente a pessoas sem foro privilegiado – no caso, Cunha, Alves, Vieira Lima e Loures – agora tramita na 12ª Vara Federal em Brasília, com o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, para quem a denúncia ratificada e aditada foi encaminhada nesta quarta-feira (21/3).
“O aditamento traz novos e robustos elementos probatórios obtidos nas investigações conduzidas pela FT [força-tarefa], a partir de documentos coletados na Operação Patmos, realizada em maio do ano passado”, afirmam os procuradores em nota divulgada pela assessoria de imprensa do MPF.
Na denúncia, os procuradores ainda solicitam que o caso retorne à 10ª Vara Federal e ao juiz Vallisney de Souza Oliveira. Nessa terça-feira (20), os mesmos procuradores solicitaram, no pedido de revisão da liberdade de Joesley Batista, que o caso retornasse ao magistrado da 10ª Vara.
Casos correlatos
No entendimento dos procuradores, há conexão entre o investigado no caso “quadrilhão do MDB” e aquilo que é alvo de apuração nas operações Sépsis e Cui Bono?. Ambas estão sob tutela do juiz Vallisney de Souza. Os procuradores argumentam que o nexo foi apontado pelo próprio magistrado, em decisão de 14 de dezembro, ao deferir o compartilhamento de informações da Sépsis e Cui Bono? com a investigação de Joesley Batista.
Tanto o “quadrilhão do MDB” como o caso de Joesley Batista têm origem na Operação Patmos, desdobramento do acordo de colaboração dos executivos do grupo J&F, que investiga o pagamento de propina a mais de mil políticos.
A Sépsis, deflagrada em julho de 2015, investiga a atuação da suposta organização criminosa formada por integrantes do MDB da Câmara na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. Responsável por administrar o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), a vice-presidência era comandada por Fabio Cleto, indicado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (RJ).
Após ser alvo da Lava Jato, Cleto virou delator e entregou à Justiça detalhes sobre o pagamento de propina feito por grandes empresas para conseguir investimentos do FI-FGTS.
A Cui Bono?, por sua vez, também tem como alvo uma vice-presidência da Caixa, a de Pessoa Jurídica, comandada pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) à época do governo de Dilma Rousseff (PT). De acordo com o MPF, o grupo político do MDB da Câmara cobrava propina de grandes empresas para liberar empréstimos milionários.
A reportagem pediu manifestação a todos os defensores dos citados: Délio Lins e Silva Júnior, defensor de Eduardo Cunha; Marcelo Leal, de Henrique Eduardo Alves; Cezar Bittencourt, advogado de Rocha Loures; e Gamil Foppel, representando Geddel. Até a publicação desta matéria, eles não tinham se manifestado.