MPF e DPU entram com ação contra Bolsonaro por declaração racista
Em conversa com apoiadores, o presidente chamou o cabelo de um homem negro de “criador de barata”, sugerindo falta de higiene
atualizado
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O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) ajuizaram, nesta sexta-feira (23/7), uma ação contra a União e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por prática de racismo. Recentemente, o chefe do Executivo chamou o cabelo de um apoiador negro de “criador de baratas“.
“Como é que está a criação de barata aí? Olha o criador de barata aqui”, debochou Bolsonaro, aos risos.
Os órgãos pedem que o presidente seja condenado a indenizar o rapaz. Segundo a peça, as declarações caracterizam discriminação e intolerância contra pessoas negras.
“Desse modo, permitir a perpetuação de manifestações presidenciais públicas com conteúdo discriminatório e antidemocrático, como as apontadas na presente petição, é pavimentar o esgarçamento e a erosão dos valores constitucionais e democráticos, com efeitos que permanecerão no seio social ainda por décadas”, destaca o documento.
O MPF ainda solicita que, se Bolsonaro fizer mais alguma manifestação de cunho discriminatório, seja determinada a retirada de suas redes sociais e da rede oficial da Presidência da República.
No documento, os órgãos requerem também que o presidente e a União sejam condenados a pagar uma indenização por dano moral coletivo no valor mínimo de R$ 5 milhões, “para reparar os prejuízos causados pelas declarações”, que seria revertida ao Fundo de Direitos Difusos, e a fazer uma campanha publicitária de combate ao racismo no valor mínimo de R$ 10 milhões.