MPF considera ‘muito suspeito’ valor recebido pela empresa de Luís Cláudio
Relatório da investigação diz que, apesar de dividendos milionários, empresa não tem funcionários ou pagou salários, indicativo de que seria de fachada
atualizado
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O Ministério Público Federal (MPF) alega ser “muito suspeito” a LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, receber valores “expressivos” de uma firma que mantém “contatos” com o governo. Relatório da investigação diz que, apesar dos dividendos milionários, a empresa não tem funcionários, tampouco pagou salários ou recolheu contribuição previdenciária nos últimos anos, indicativo de que seria de fachada.
Os argumentos do MPF e da Receita Federal embasaram busca e apreensão na sede da LFT na manhã de ontem (26/10). Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no início do mês, a empresa recebeu dinheiro da Marcondes & Mautoni, consultoria investigada por atuar na “compra” de medidas provisórias nos governos Lula e Dilma. Luís Cláudio confirma que os pagamentos alcançam R$ 2,4 milhões e foram “declarados”.Os documentos da Operação Zelotes mostram que a Marcondes & Mautoni recebeu R$ 16,8 milhões da MMC Automotores, que fabrica veículos Mitsubishi, e da CAOA, que monta modelos Hyundai, para viabilizar a MP 627, de 2013. Em 2014, 97% do faturamento da Marcondes veio desses negócios. Naquele mesmo ano, o escritório repassou, além de recursos para seus sócios, R$ 1,5 milhão para a LFT. São esses os únicos beneficiários.
“Tem razão o MPF ao afirmar ser ‘muito suspeito uma empresa de marketing esportivo receber valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes & Mautoni)’, o que justifica a execução de busca e apreensão na sede da empresa”, escreveu a juíza Célia Regina Ody Bernardes, da 10ª Vara Federal em Brasília, em sua decisão.
Carvalho
Um dos nomes mais próximos ao ex-presidente Lula no PT, o ex-ministro Gilberto Carvalho foi ouvido nesta segunda-feira (26/10) pela PF sobre suposto envolvimento com a compra da MP 471.
Ele é mencionado em agendas e e-mails dos lobistas envolvidos no esquema, entre eles Mauro Marcondes, com quem manteria relação “estreita”. Os investigadores ainda não têm dados que comprovem pagamento de propina para o petista, razão pela qual ele não foi alvo da terceira fase da Zelotes, mas apenas intimado a se explicar.
Uma das anotações de APS menciona um “café” com “Gilberto Carvalho” em 16 de novembro de 2009, quatro dias antes de a MP 471 ser editada pelo ex-presidente Lula. Para os investigadores, “café” pode ser interpretado como propina ou mesmo um encontro com o ex-ministro.
Há mensagens mostrando, ainda, em que Marcondes encaminha um assunto para o petista e pede para ele tratar do tema com Lula “informalmente”.
Na época da edição da MP 471, Carvalho era o chefe de gabinete de Lula. Documentos apreendidos com outro lobista, citam ainda o ex-ministro Nelson Machado, número dois da Fazenda na época da MP. Ele não foi alvo da nova fase da operação realizada ontem.