Mourão sobre ausência em desfile: “Estranho é o Flamengo perder de 4 x 0 para o Inter”
Vice-presidente, que é general da reserva, não foi convidado para o evento militar e disse que não achou estranho
atualizado
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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), minimizou nesta quarta-feira (11/8) o fato de não ter sido convidado para participar do desfile de veículos blindados da Marinha, na manhã de terça-feira (10/8), na Esplanada dos Ministérios. Mourão é general da reserva e costuma participar de eventos militares ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Cerca de 40 blindados, caminhões e tanques desfilaram por alguns minutos em frente ao Palácio do Planalto. O presidente da República, ministros de Estado e outras autoridades acompanharam o evento da rampa do edifício. Mourão foi a grande ausência dentro do alto escalão do governo.
“O presidente não havia me avisado disso aí. Então, segui nas minhas atividades normais de uma terça-feira. Então, tomei conhecimento quando aconteceu o fato”, disse o vice ao chegar a seu gabinete na Vice-Presidência.
Questionado se não é estranho não ter sido convidado para o evento, Mourão respondeu: “Não, não acho nada estranho. Estranho é o Flamengo perder de 4 x 0 para o Internacional, pô”.
O colunista do Metrópoles Igor Gadelha apurou que auxiliares do vice, alguns deles militares, viram como “inoportuno” o desfile e o aconselharam a não participar do evento.
Durante o desfile, foi entregue ao presidente Bolsonaro um convite para a Operação Formosa, realizada como treinamento das Forças Armadas. Apesar de a formação ocorrer anualmente desde 1998, foi a primeira vez que os tanques passaram pelo centro de Brasília.
Mourão ainda apontou que a Marinha quis fazer uma homenagem ao presidente e disse que um dos intuitos da demonstração pode ter sido a busca por mais recursos para as Forças Armadas. “A Marinha quis fazer uma homenagem ali ao presidente não é? Apresentou ali o material que ela tem, talvez até no intuito de receber maiores recursos pra dar uma melhorada”, pontuou.
O evento foi alvo de críticas por ser realizado no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marcou a votação, em plenário, da proposta de emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso, bandeira de Bolsonaro. A proposta não conseguiu reunir o número mínimo de votos, 308, e acabou arquivada.
Senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 também criticaram o ato. O presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), iniciou a sessão do colegiado repudiando o desfile de tanques e militares nos arredores do Congresso Nacional, na manhã desta terça-feira (10/8). Aziz resumiu o episódio como “cena patética” e “golpista”.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou como “patética demonstração de fraqueza” o desfile militar apoiado pelo presidente. Nas palavras do senador, o evento é “mais patético que aqueles desfiles de Kim Jong-Un lá, em Pyongyang, na Coreia do Norte”.
Autoridades presentes
Acompanharam Bolsonaro os comandantes das três Forças: Almir Garnier Santos, da Marinha; Carlos de Almeida Baptista Junior, da Aeronáutica; e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, do Exército.
Os seguintes ministros também estiveram presentes: Braga Netto, da Defesa; Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Ciro Nogueira, da Casa Civil; Onyx Lorenzoni, do Trabalho; Anderson Torres, da Justiça; Gilson Machado, do Turismo; Milton Ribeiro, da Educação; Carlos França, das Relações Exteriores; Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional; Tereza Cristina, da Agricultura; e Fábio Faria das Comunicações.
Também acompanharam o ato o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Filho; o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira; o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ); o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR); e o vice-líder do governo na Câmara, Evair de Melo (PP-ES).
Apoiadores do presidente se reuniram na Praça dos Três Poderes, em frente à rampa presidencial, durante o desfile. O grupo bradava: “Mito”, “Eu autorizo” e “142”; este, em referência ao artigo 142 da Constituição, que trata sobre as Forças Armadas. Bolsonaro não conversou com apoiadores, nem discursou publicamente no decorrer do evento.