Mourão cita eleições e diz que CPI da Petrobras “não vai nem andar”
Vice-presidente minimizou ideia defendida por Bolsonaro, que propôs investigação sobre a petroleira no Congresso
atualizado
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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse, nesta segunda-feira (20/6), que uma possível comissão parlamentar de inquérito (CPI), no Congresso Nacional, para investigar a Petrobras “não vai nem andar”. Isso por uma questão de timing político, tendo em vista a proximidade do calendário eleitoral.
A ideia de instalar CPI para apurar a situação da Petrobras foi proposta pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, na sexta-feira (17/6), após a empresa anunciar novo aumento nos preços dos combustíveis.
“Eu acho que não vai nem andar isso aí, né? Não tem nem tempo. Nós estamos aí já em fase quase eleitoral, vamos falar assim. Em mais um mês e meio, inicia-se a campanha eleitoral. Então, acho difícil que uma CPI vá andar neste momento”, ponderou Mourão a jornalistas, ao chegar em seu gabinete na manhã desta segunda.
O chefe do Executivo federal afirmou que a Câmara dos Deputados, na figura do presidente Arthur Lira (PP-AL), tem dado um “apoio fantástico” para levar adiante a CPI. Ainda é necessário, porém, reunir o número mínimo de assinaturas para que o colegiado seja instalado.
O mandatário tem declarado que o conselho da Petrobras está “boicotando” o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, ao não se reunir para votar as novas indicações feitas pelo governo para o comando da empresa.
No domingo (19/6), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamou o atual presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, indicado por Bolsonaro em abril, de “ilegítimo”.
Questionado sobre o entendimento de que o presidente seria ilegítimo, Mourão respondeu: “Isso aí tem que ser votado no Conselho de Administração. Então, não é desse jeito, né? Isso tudo são opiniões. Hoje é um tumulto de opinião geral”.
Reajustes
Depois de quase 100 dias sem promover reajuste nos preços, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou, em reunião extraordinária realizada na quinta-feira (16/6), aumento do preço da gasolina e do diesel. O encontro que decidiu o reajuste aconteceu durante o feriado, em convocação de emergência.
Com o impasse entre as demandas do governo e do Congresso, que solicitam preços mais baixos, e do mercado, que insiste na política de preço de paridade de importação (PPI), o conselho apostou no aumento.
O preço do litro da gasolina vendido às distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06; no caso do diesel, de R$ 4,91 para R$ 5,61. O reajuste passa a valer a partir de sábado (18/6).
Compete à maioria dos participantes a atribuição de tomar esse tipo de decisão, conforme disposto no estatuto da entidade. Geralmente, valores de combustíveis passam por um comitê que tem como integrantes o presidente da companhia, José Mauro Coelho, e os diretores de Finanças e Comercialização e Logística, Rodrigo Araújo e Cláudio Mastella.