Moro sobre saída: “Tenho compromisso com o Estado de Direito”
Ministro da Justiça acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal
atualizado
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Ao justificar a saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro disse nesta sexta-feira (24/04) que tem o dever de preservar o Estado Democrático de Direito.
Moro disse que se sentiu na obrigação de proteger a Polícia Federal (PF) de qualquer interferência política. O ex-juiz acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de querer “colher informações e relatórios de inteligência” da Polícia Federal, e por isso teria determinado a exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral da PF. A demissão não foi aceita pelo ministro da Justiça, que disse ter ficado sabendo hoje de manhã da saída do chefe da PF.
“Por todos esses motivos, ainda busquei uma solução alternativa para tentar evitar uma crise política durante a pandemia, mas entendi que eu não podia, aí, deixar de lado esse meu compromisso com o Estado de Direito”, apontou o ministro.
“Há uma questão envolvida também da minha biografia como juiz, de respeito à lei, ao Estado de Direito e da impessoalidade”, completou.
Antes de aceitar o cargo de ministro da Justiça sob compromisso de combate à corrupção, Moro atuou como juiz federal por 22 anos. Ele esteve à frente, por exemplo, dos julgamentos da Operação Lava Jato em Curitiba (PR). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos presos após sentença de Moro.
“Tenho que preservar a minha biografia, mas acima de tudo preservar o meu compromisso que fiz com o presidente de combate à corrupção”, anunciou.