Moro sobre eleições: “Não tenho destino manifesto para ser candidato”
Ex-ministro da Justiça disse que participar de debate público não significa querer ser candidato
atualizado
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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro disse nesta quarta-feira (22/7), em entrevista à rádio Banda B, parceira do Metrópoles, que não tem “destino manifesto para ser candidato”.
“Acabei de sair do governo e vou precisar me adaptar à vida privada. Minha preocupação imediata diz respeito ao país hoje. Não estou pensando lá em 2022, 2026”, disse Sergio Moro.
“Parece que as pessoas pensam que eu tenho um destino manifesto para ser candidato, mas não é assim”, completou, em referência à filosofia expansionista realizada, em nome de Deus, no século 19 nos Estados Unidos.
Sem negar que pretende ser candidato nas próximas eleições de 2022, o ex-juiz federal disse que jamais teve “esse tipo de ambição” para querer ser presidente da República, como algumas pessoas têm sondado.
O ex-ministro afirmou que como cidadão tem mais liberdade para participar do debate público se comparado ao tempo em que era juiz federal ou ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Nós estamos, nesse país, presos a diversos problemas que se arrastam há muito tempo. A economia cresce muito devagar. Existe uma necessidade de fazer reformas, mas falar isso não significa nenhuma agenda eleitoral”, disse.
Ele negou, no entanto, querer participar das eleições municipais deste ano. “Não pretendo participar das eleições municipais, de qualquer forma, qualquer aspecto. Como eleitor, sim, acho que é um dever cívico”, afirmou.
Agenda anti-corrupção
Moro afirmou ter saído do governo Bolsonaro por não encontrar mais espaço na agenda anti-corrupção. Ele citou, como exemplo, a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central (BC) e o enxugamento do projeto anticrime.
“Você vai sentindo que não tem o apoio. A gota d’Água para mim foi a questão da Polícia Federal. E tinha também outras divergências, como essa questão da pandemia, por exemplo. A gente começa a pensar: ‘Bem, o que estou fazendo aqui?'”, disse.
O ex-ministro da Justiça comparou ainda o governo de Bolsonaro com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Todo governo tem seus méritos e deméritos, mas, aparentemente, os dois não têm uma agenda anti-corrupção”, afirmou.
Desarmamento
Em forte crítica ao presidente Jair Bolsonaro, Sergio Moro disse também que “não se resolve o problema da segurança pública armando as pessoas”, nem se faz “oposição à distanciamento social armando a população”.
“Até certo ponto, a flexibilização é justificável. Mas acho que, por exemplo, defender o porte de armas, ser muito flexível, tem que ser visto com maior cuidado”, pontuou.
O ex-ministro avaliou que a flexibilização de certas armas pode alimentar o crime organizado e as chances “de pessoas insanas entrarem em escolas, cinemas, e começam a disparar com as pessoas”.