Moro: senadores questionam supostos interesses de Bolsonaro na PF
Acusações feitas pelo agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro repercutiram na Casa. Rede já anunciou pedido de impeachment
atualizado
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Senadores cobraram explicações nesta sexta-feira (24/04) sobre as declarações do agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro, de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentava interferir politicamente na Polícia Federal (PF). As declarações repercutiram na Casa, onde já houve inclusive anúncio de pedido de impeachment.
O líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), anunciou que entrará ainda nesta sexta-feira com um pedido para que Bolsonaro seja tirado da Presidência. “Agora precisamos atentar para o seguinte: a coletiva de Moro foi um depoimento de delação premiada. Vamos averiguar todas as declarações do agora ex-ministro Sergio Moro e tomar as medidas cabíveis”, pontuou.
“Bolsonaro quer fazer da Polícia Federal mais um braço da sua milícia. Aparelhar e utilizá-la de forma política, tal como os ditadores. A PF precisa ser protegida, sua independência precisa ser preservada. O próximo ministro da Justiça estará a serviço de Bolsonaro ou do país?”
“Moro acaba de fazer uma ‘delação premiada’. Ao vivo em coletiva”, concordou Kátia Abreu (PP-TO). “Estamos diante de um caso de delação premiada feita pelo ministro da Justiça contra o presidente da República. Ele é a principal testemunha dos crimes de responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo. Não há outro caminho que não o do impeachment”, acrescentou Humberto Costa (PT-PE).
O senador Reguffe (Pode-DF), por sua vez, anunciou que apresentará requerimento para convidar Moro a depor no Senado e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dando autonomia à Polícia Federal, com mandato para o diretor.
“A Polícia Federal é órgão de Estado, não de governo. É inaceitável querer transformá-la em instrumento político. As declarações de Moro são muito graves. Minha total solidariedade a ele”, disse.
Líder do PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito, Major Olimpio (SP), chamou a saída de Moro, que considerou “herói nacional”, “uma grande derrota do país”. “Grande derrota ao combate à corrupção!”, declarou.
A líder do Cidadania na Casa, senadora Eliziane Gama (MA), disse que Moro “deu contribuição inegável para tornar o país menos corrupto” e cobrou explicações. “Por que o interesse pessoal do presidente em saber detalhes das investigações? O que o presidente teme?”, questionou.
“A saída do ministro e do diretor da PF expõe a falência do governo federal. Ao tentar controlar a PF, o presidente rompe com o combate à corrupção e tenta sufocar investigações que o incomodam. Enamora-se com o fisiologismo do centrão e a troca de cargos que sempre criticou”, escreveu ela.
Em nota, a bancada do Podemos chamou de Moro de “verdadeiro titã” e disse que a saída representa o “afastamento do governo Bolsonaro do sentimento popular e do combate à corrupção”. É a derrota da ética”, concluiu.
“O que realmente interessa ao país é o combate à corrupção não enfraquecer. Fui eleito defendendo a Lava Jato e para mim, como para milhões de brasileiros, é um dia triste”, lamentou Fabiano Contarato (Rede-ES).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ainda não se manifestou sobre a saída de Moro do governo.