Moro rebate Bolsonaro sobre ingratidão e diz que preservou a PF
Ex-ministro e presidente Bolsonaro trocam farpas desde o pedido de demissão do ex-juiz. Presidente aponta ingratidão de Moro, que nega
atualizado
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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro rebateu declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre uma suposta “ingratidão” da sua parte.
“Também apoiei o presidente quando ele foi injustamente atacado. Mas preservar a PF [Polícia Federal] de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, e não de relacionamento pessoal”, rebateu no Twitter.
Neste sábado (25/04), Moro e Bolsonaro trocaram farpas pelas redes sociais.
Sobre reclamação na rede social do Sr.Presidente quanto à suposta ingratidão: também apoiei o PR quando ele foi injustamente atacado. Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, e não de relacionamento pessoal https://t.co/I5HD9uhTj9
— Sergio Moro (@SF_Moro) April 25, 2020
Mais cedo, Moro resgatou uma campanha da pasta contra a corrupção. “’Faça a coisa certa, pelos motivos certos e do jeito certo’ foi o lema de campanha de integridade que fizemos logo no início”, escreveu.
Depois, Bolsonaro citou a Vaza Jato, série de reportagens que revelaram uma relação de proximidade entre o então juiz federal Sergio Moro com integrantes do Ministério Público Federal (MPF).
A menção foi feita em uma foto, com a cronologia das revelações e o presidente abraçando Moro como suposto desfecho. Na foto, Bolsonaro e o então ministro aparecem no desfile de 7 de setembro demonstrando proximidade.
“A Vaza Jato começou em junho de 2019. Foram vazamentos sistemáticos de conversas de Sergio Moro com membros do MPF. Buscavam anular processos e acabar com a reputação do ex-juiz. Em julho, PT e PDT pediram a prisão dele. Em setembro, cobravam o STF. Bolsonaro no desfile do dia 7 fez isso”, destaca a legenda da imagem.
Sob o argumento de que a integridade das investigações e a autonomia da Polícia Federal não podiam mais ser garantidas, Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública nessa sexta-feira (24/04).
Entenda a crise
O estopim para a crise que levou ao rompimento foi a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Moro alega que não foi avisado do desligamento, mesmo com a sua assinatura constando no documento.
O delegado foi substituído por Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência(Abin) e ex-chefe da segurança de Bolsonaro.
Moro deixou o ministério acusando o presidente de querer controlar as atividades da Polícia Federal e disse que estava preocupado com investigações.