Moro lamenta cassação de Dallagnol, ex-colega de Lava Jato: “Estarrecido”
“Estou estarrecido por ver fora do Parlamento uma voz honesta”, disse Moro sobre Dallagnol, que foi coordenador da força-tarefa da Lava Jato
atualizado
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Ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro (PL), o agora senador Sergio Moro (União-PR) foi às redes sociais para lamentar a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), por unanimidade, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite desta terça-feira (16/5).
“Estou estarrecido por ver fora do Parlamento uma voz honesta na política”, disse Moro sobre Dallagnol, que foi coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR). Veja:
Os ministros do TSE consideraram que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador do Ministério Público para escapar de julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que poderia impedi-lo de concorrer às eleições de 2022. Assim, os ministros consideraram que o ex-procurador da Lava Jato frustrou a aplicação da lei.
Com a decisão, o TSE derrubou entendimento do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que tinha negado, em outubro de 2022, a impugnação do registro, logo após Dallagnol se eleger deputado federal, com 344,9 mil votos, o mais votado do Paraná.
Agora, o TSE comunica ao TRE-PR a decisão para fim de imediata execução. Dallagnol ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, ele já perde o cargo. Seus votos precisam ser redistribuídos, pois, pela decisão do TSE, o ex-procurador não poderia nem sequer ter concorrido às eleições.
Colegas também na Vaza Jato
A relação entre Moro e Dallagnol seriam bem mais estreitas do que o que comumente se observa entre juiz e procurador da República. Pelo menos foi o que revelaram mensagens divulgadas pelo site The Intercept em 2019 e que mostraram uma suposta interferência do então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, nas investigações da força-tarefa.
Moro e Dallagnol teriam trocado colaborações durante as investigações, que culminaram na prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A publicação afirmava ter uma série de mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais que confirmaria, a suposta troca de informações entre juiz e procurador.
Em conversas entre Moro e Dallagnol, o magistrado teria sugerido ao procurador que trocasse ordem de fases da Lava Jato, cobrado agilidade em novas operações, dado conselhos estratégicos e pistas informais de investigação e recomendado recursos ao Ministério Público.
Moro, que depois saiu do cargo de ministro da Justiça, após se desentender com Bolsonaro, acabou tendo suas condenações anuladas pelo STF, o que tirou Lula da prisão e o devolveu à vida pública.