Moro diz que declaração de Lula sobre ele foi infeliz e que incita violência
Ex-ministro Sergio Moro, que seria alvo de atentado do PCC, também afirmou que nunca se referiu ao petista com xingamentos ou ofensas
atualizado
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O senador Sergio Moro (União Brasil) afirmou, na tarde desta quarta-feira (22/3), durante entrevista à Globo News, que o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode incitar a violência política. Moro seria vítima de um suposto ataque do Primeiro Comando da Capital (PCC) desarticulado pela Polícia Federal (PF).
“Ontem, o presidente Lula deu uma declaração infeliz, que a gente tem que repudiar e que utilizou até palavrões em relação à minha pessoa. Quando um presidente utiliza esse tipo de linguagem e faz esse tipo de ofensa, ele acaba incitando violência contra outras pessoas”, disse Moro.
O ex-ministro do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também afirmou que nunca se referiu ao petista com xingamentos ou de forma desrespeitosa. Moro tornou-se o responsável pela condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, em São Paulo. O petista ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019.
Dois anos depois, em março de 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin anulou todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná ao então ex-presidente.
“Eu fiz o meu trabalho como juiz na Operação Lava Jato, mas eu nunca me reportei de forma ofensiva ou utilizando palavrões de baixo calão contra o atual presidente da República. De todo modo, temos que olhar pra frente e enfrentar o crime organizado. O governo no papel executivo dele e o Congresso no seu papel aprimorando a legislação”, completou.
“Foder” o Moro
À TV 247, na manhã de terça-feira (21/3), Lula relembrou a época em que esteve preso por causa da Operação Lava Jato – encabeçada pelo ex-juiz Moro –, em Curitiba, e a mágoa guardada durante esse tempo. Chegou a dizer que, ao receber na cela a visita de procuradores para saber se estava tudo bem, ele respondia, referindo-se a Moro: “Não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro”.
“Quando você tem convicção da sua inocência, não tem medo de brigar. Tive muita mágoa. A morte da Marisa [Letícia, ex-mulher de Lula], depois a do meu irmão, quando eu estava na PF [Polícia Federal]; as acusações, leviandades. Você tem que se preparar, não pode se deixar levar”, declarou.
“Quando fiquei na cadeia, foi um momento muito rico de resistência. Quantas vezes fiquei ali olhando para o teto…”, prosseguiu, antes de pegar lenços para limpar as lágrimas. De vez em quando, ia um procurador (…) para visitar e ver se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores lá e perguntavam: ‘Tudo bem?’. Eu falava: ‘Não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro‘”, disse Lula, arrancando risadas dos entrevistadores.
Na sequência, o presidente pediu: “Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí”, e prosseguiu: “Eu falava assim: ‘Eu estou aqui para me vingar dessa gente, eu falava [isso] todo dia que eles entravam lá”.