“Moro de saias” cassada: Mato Grosso terá nova eleição ao Senado
Ex-juíza Selma Arruda, do Podemos, perdeu mandato de senadora e os diplomas da chapa foram cassados, por caixa 2 e abuso de poder econômico
atualizado
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Logo após confirmar, por seis votos a um, na noite desta terça-feira (10/12/2019), a cassação do mandato da senadora Selma Arruda (Podemos-MT) por caixa 2 e abuso de poder econômico na campanha de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu convocar novas eleições para preencher a vacância do cargo, com validade imediata a partir da publicação do acórdão.
O relator, ministro Og Fernandes, defendeu em seu voto a marcação de novo pleito no estado em 90 dias. Os demais ministros então tiveram que definir como será feita a substituição da ex-juíza transformada em política. Descartaram a tese de que o cargo poderá ser preenchido pelo segundo mais votado em 2018 e aceitaram convocar novas eleições, com comunicação imediata ao Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso (TRE-MT) para que comece os trâmites de execução da nova disputa.
Entenda
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) havia cassado o mandato da senadora Selma em abril deste ano. A decisão foi unânime (7 a 0) e o processo foi proposto pelo terceiro colocado nas eleições de 2018 para o cargo de senador pelo Estado, o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD-MT).
A ex-juíza Selma Arruda ficou conhecida em Mato Grosso ao julgar ações que levaram à cadeia figuras como o ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do estado José Geraldo Riva. Na época, ela ficou conhecida como “Moro de saias”, em referência ao também ex-juiz Sergio Moro pela sua atuação em casos envolvendo corrupção.
Após concluir o julgamento de Silval, a então juíza se aposentou e, na sequência, filiou-se ao PSL, de Jair Bolsonaro. Em setembro deste ano, insatisfeita com a ausência de envolvimento do partido em sua defesa, Selma deixou a legenda e ingressou no Podemos.
A senadora foi cassada após ser acusada de ter recebido caixa 2 no valor de R$ 1,2 milhão. Em sua defesa, a agora senadora cassada alegou que o dinheiro seria um empréstimo pessoal que ela teria pego junto a seu primeiro suplente, Gilberto Possamai, e que a verba não foi usada em campanha, mas na pré-campanha, e que por isso não foi declarado. Com a punição, a chapa inteira, com o suplente, é cassada.
Em entrevistas nos últimos meses, Selma Arruda admitiu ter cometido um “erro”, mas vinha alegando que não era o suficiente para justificar uma cassação.
Na segunda-feira (02/12/2019), Selma fez discurso com olhos marejados na tribuna do Senado, e disse que “a gente pode até prever que o resultado não seja o resultado positivo, mas eu penso de qualquer forma que o resultado disso tudo [a eleição e o exercício do mandato até agora] é positivo”.