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Moro convoca chefe da Inteligência da Receita na Lava Jato

Além de delegados da Polícia Federal, futuro ministro da Justiça chamou para integrar equipe de transição auditor fiscal Roberto Leonel

atualizado

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Hugo Barreto / Metrópoles
Moro fala a jornalistas no CCBB
1 de 1 Moro fala a jornalistas no CCBB - Foto: Hugo Barreto / Metrópoles

Além de delegados da Polícia Federal, o futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, trouxe para a equipe de transição de governo em Brasília o auditor fiscal Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe da área de investigação da Receita Federal em Curitiba e cérebro do órgão na atuação na Operação Lava Jato – cujos avanços o ex-juiz quer consolidar nacionalmente.

Há 33 anos na Receita, Leonel tem a confiança de Moro. Já haviam atuado paralelamente no caso Banestado. Ele comanda o Escritório de Pesquisa e Investigação (Espei) da 9ª Região Fiscal, em Curitiba, base da Lava Jato. A área de Inteligência da Receita, chefiada por ele, é responsável pelo levantamento técnico-contábil da operação, que já revelou desvios de mais de R$ 40 bilhões na Petrobras.

A Receita forma, com a PF e o Ministério Público Federal, o tripé da força-tarefa da Lava Jato, cujo modelo Moro quer replicar pelo país no combate à corrupção e ao crime organizado.

Pilar menos aparente das investigações, os auditores têm sido fundamentais na análise das quebras de sigilos para rastrear o caminho do dinheiro da corrupção. São eles que produzem os relatórios de evolução patrimonial, movimentações financeiras e fiscais dos investigados.

O trabalho é feito em conjunto com policiais federais, e procuradores têm ajudado por meio da identificação de serviços fictícios, uso de notas frias, contas secretas no exterior e bens em nome de terceiros ou empresas offshore, detectando rombos aos cofres públicos e sonegação fiscal. Um modelo integrado que Moro quer repetir em Brasília.

Roberto Leonel Lima entrou na equipe de Moro nesta terça-feira, 20. É mais um nome da Lava Jato que deve fazer parte do time que o futuro ministro está montando para 2019, em função ainda não definida. Pela experiência que tem no rastreamento de dinheiro, uma das possibilidades é que ele vá para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O Coaf é um órgão que tem como missão produzir inteligência financeira e conter a lavagem de dinheiro, a ocultação de patrimônio e o financiamento de atividades criminosas ou terroristas. A missão de “seguir o dinheiro” torna o órgão estratégico para a gestão de Sérgio Moro.

Embora o presidente do Coaf seja nomeado pelo presidente da República, por indicação do Ministro da Fazenda, o governo estuda deixar que o órgão passe para a zona de influência do Ministério da Justiça. O ex-juiz da Lava Jato disse, em reunião há duas semanas no Ministério da Segurança Pública, que o deslocamento para a Justiça é fundamental e poderia conferir ao Coaf uma importância muito maior do que ela tem hoje na Fazenda, por estar mais relacionado à área de investigação.

Mesmo se não for no Coaf, Leonel é um nome com que Moro quer contar. Uma alternativa seria atuar no próprio ministério, cuja estrutura ainda está sendo desenhada.

O auditor fiscal é conhecedor de uma “enciclopédia de métodos de lavagem de dinheiro”, como ele próprio definiu, em entrevista ao Estadão em 2016, o aprendizado obtido durante a Lava Jato. A “enciclopédia” incluía casos de uso de doação de empreiteira para igreja; doações partidárias e eleitorais oficiais; operações de câmbio para falsas importações; contratos de mútuo fictícios; empréstimo bancário fraudulento; contratos de consultorias e prestação de serviços fantasmas; contas em nome de empresas offshore; trusts; e até a compra de um banco em paraíso fiscal.

Equipe
Até agora, os únicos nomes confirmados por Moro para o futuro governo são os de Maurício Valeixo, indicado como futuro diretor-geral da Polícia Federal, e Érika Marena, escolhida para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Moro entendeu que são os melhores nomes dentro da máxima de sua gestão: fortalecer o combate à corrupção e ao crime organizado.

O futuro ministro admitiu que há alta probabilidade de o general Santos Cruz ser escolhido para a Secretaria Nacional de Segurança Pública, mas ainda não confirmou o nome.

Outros nomes que fazem parte da equipe de transição são o do delegado aposentado Rosalvo Franco, ex-superintendente da PF no Paraná ao longo de três anos da Lava Jato, e o de Fabiano Bordignon, delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, cotado para assumir o Departamento Penitenciário Nacional.

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