Moro achava que a Justiça era “coisa particular dele”, diz Bolsonaro
Moro assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública em 2019, como “superministro”, e saiu em abril de 2020 brigado com o presidente
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na tarde desta quarta-feira (27/10), que a trajetória do ex-juiz federal e seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro pode atrapalhar uma eventual candidatura a cargos públicos, já que o cargo de juiz, segundo Bolsonaro, é muito mais fácil do que o de político.
Bolsonaro criticou por Moro por considerar que ele atuou no governo como se a pasta da Justiça fosse “algo particular dele”.
“Sergio Moro veio trabalhar comigo, no meu entender, bem intencionado. Sempre falei que os ministros têm liberdade, mas eu tenho poder de veto. Ele assumiu a Justiça como se fosse algo particular dele, trouxe toda a ‘República de Curitiba’ para o ministério dele. Ele tinhas alguns problemas, tinha vontade de ir para o STF. Era pessoa que não tinha experiência de política. É muito fácil viver 23 anos na magistratura e dar uma sentença. Cumpra-se! Na política, você vê que não é assim”, disse Bolsonaro durante entrevista ao programa Pânico.
“Eu fico imaginando o Moro, como chefe do Executivo federal, estadual ou municipal, negociando com parlamento. Imaginem como ele vai negociar com o parlamento, conversar. Você tem que conversar com os caras, pô, quem são esses caras? Esses caras têm poderes. Foram escolhidos pelo povo, 81 senadores, 513 deputados. Imagine 600 pessoas, como ele negociaria”, continuou Bolsonaro sobre eventual trajetória política do ex-ministro.
O chefe do Executivo ainda comentou o anúncio do Podemos sobre a possibilidade de lançar o ex-juiz como candidato à Presidência da República. “Parece que ele tá indo para o Podemos, ele sabe o que tá fazendo. Seria bom que cada partido lançasse um candidato, seria muito bom”, declarou Bolsonaro.
Moro assumiu o posto de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do presidente Bolsonaro em 2019, com status de “superministro”, e ficou no cargo até abril de 2020. A saída do ex-ministro ocorreu após o presidente decidir substituir o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Desde então, os dois são rivais.
Ao sair, o ex-juiz federal alegou que Bolsonaro queria interferir politicamente na corporação. Há um processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) apurando a denúncia.
Moro candidato
Segundo a coluna do Guilherme Amado, a presidente da legenda, Renata Abreu, já tem anunciado Moro como o nome da sigla em 2022. Já existe, inclusive, dia marcado para o ato de filiação – 10 de novembro.
De acordo com a coluna do Igor Gadelha, a ideia da legenda é focar o evento apenas na filiação do ex-juiz à sigla. O anúncio oficial da possível pré-candidatura ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022 ficará para outro ato político.
Além da cerimônia na capital federal, a sigla pretende fazer, ainda em novembro, outros dois eventos para celebrar a filiação de Moro: um em São Paulo e outro em Curitiba, onde o ex-juiz tem residência.