Monitorado pelo Exército, Freixo acusa Bolsonaro de trair baixo escalão
Relatórios produzido pelas Forças Armadas foram publicados pela revista Sociedade Militar e indicam lobby no Congresso feito por militares
atualizado
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O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) utilizou suas redes sociais para reclamar que foi monitorado pelo Exército brasileiro durante os debates na Câmara a respeito da reestruturação das carreiras das Forças Armadas, em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
Nessa época, os deputados se debruçaram sobre o Projeto de Lei 1645, que tratava do plano de carreira de praças e graduados. O monitoramento foi revelado pela revista Sociedade Militar, que obteve diversos relatórios produzidos durante a tramitação da proposta.
Agora ciente do monitoramento, Freixo apontou ter ficado ao lado da tropa, ao contrário do presidente que, segundo ele, queria beneficiar apenas os militares de alta patente.
Fui monitorado pelo Exército porque no debate sobre a reestruturação das carreiras dos militares eu defendi os direitos dos praças e graduados, que representam 82% da tropa. Eles foram traídos por Bolsonaro, que queria beneficiar os oficiais de alta patente.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) August 23, 2021
Além de Freixo, segundo a matéria, perfis de deputados de esquerda como Glauber Braga (Psol-RJ) e Paulo Ramos (PDT-RJ) foram acompanhados de perto pelos militares. Outro deputado monitorado pelo Exército teria sido o subtenente Gonzaga (PDT-MG). Também foram escrutinados congressistas com inclinações mais de direita.
Cada passo dado por parlamentares ligados ao governo no sentido de aprovar o PL 1645 era cuidadosamente desenhado por setores especializados em mensurar a possível recepção da sociedade e do próprio Parlamento.
Lobby
De acordo com a matéria, a depender da “temperatura da rede”, analistas preparavam “contra-respostas” e ações a ser executadas com o objetivo de tornar o ambiente mais propício para a tramitação tranquila e aprovação do projeto de lei.
A publicação identificou que houve participação efetiva das Forças Armadas, com o emprego de “setores inteiros de inteligência especializados em internet e redes sociais” para atuarem em um lobby no Congresso pela aprovação do projeto de lei.
A princípio, a proposta era considerada ruim para as patentes mais baixas, o que demandou a formação de uma frente para convencer parlamentares a modificarem pontos do texto.
De acordo com a matéria, os relatórios de monitoramento demonstram que setores de inteligência e de comunicação social estariam atuando de forma intensa tentando mensurar a reação do público civil e militar a cada movimento da proposta apresentada na câmara no início de 2019.
Segundo a reportagem, mesmo com um verdadeiro exército a seu serviço, a proposta encaminhada pelo Ministério da Defesa foi aprovada somente depois de um acordo feito entre ministros militares e senadores.