metropoles.com

Ministros foram a menos da metade das reuniões do Conselho da Amazônia

Ministros do Meio Ambiente só foram a 5 das 12 reuniões realizadas pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal desde 2020

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
1 de 1 - Foto: null

Desde sua reativação, em fevereiro de 2020, o Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal) vem sendo deixado de lado pelos ministros do Meio Ambiente, que estão à frente da pasta encarregada da luta contra o desmatamento ilegal. De 12 reuniões realizadas pelo órgão em 2020 e 2021, os ministros compareceram a apenas 5.

Presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e com o dever de mapear, analisar e combater o desmatamento na Amazônia, o Cnal foi insituído por meio do Decreto 10.239/2020. Fazem parte do conselho 14 ministros de estado.

De 2020 a 2021, foram realizadas sete reuniões com os membros do conselho, e cinco, reunindo os governadores dos estados que integram a Amazônia Legal. Apesar da legislação do Cnal assegurar no segundo inciso, do 4º artigo, que os integrantes têm suplentes para os substituírem em eventualidades, a ausência dos titulares se tornou frequente.

Os estados que compõem a Amazônia Legal são: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Quando estava no comando do Meio Ambiente, Ricardo Salles compareceu a 4 reuniões do Cnal.

O então ministro faltou justamente na primeira, realizada em 26 de março do ano passado. Mourão chegou a classificar a ausência como “falta de educação”, já que além de não ter ido, o ministro também não enviou nenhum representante. “Lamento profundamente a ausência do ministério mais importante, que é o do Meio Ambiente. Não mandou nenhum representante, não deu qualquer tipo de desculpa. Pela minha formação, considero isso uma falta de educação”, disse o general, na ocasião.

A reclamação do vice-presidente fez Salles aparecer na reunião seguinte. Chamado de “ministério mais importante” por Mourão, a pasta do Meio Ambiente é decisiva para as ações que serão tomadas pelo conselho, porque é neste ministério que estão abrigados órgãos que têm papel fundamental no preservação da Amazônia e de outros biomas brasileiros.

8 imagens
Salles durante reunião do Conselho Nacional da Amazônia
Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite
Hamilton Mourão na 3ª Reunião do Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal com Governadores
Ricardo Salles assume o Meio Ambiente
Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na coletiva de imprensa
1 de 8

Hamilton Mourão, durante a reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal

Bruno Batista /VPR
2 de 8

Salles durante reunião do Conselho Nacional da Amazônia

Flickr/Vice-presidência da República
3 de 8

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite

Flickr/ Ministério do Meio Ambiente
4 de 8

Hamilton Mourão na 3ª Reunião do Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal com Governadores

Foto: Romério Cunha/VPR
5 de 8

Ricardo Salles assume o Meio Ambiente

Gilberto Soares/MMA
6 de 8

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na coletiva de imprensa

Flickr/ Ministério do Meio Ambiente
7 de 8

2ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal com Governadores Estaduais

8 de 8

O vice-presidente Hamilton Mourão preside o Cnal

Bruno Batista /VPR

Além do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a pasta também abriga o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGen, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

Pouca presença X muito protagonismo

A rusga entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o vice Hamilton Mourão acaba também respigando nas atribuições do general no Cnal, uma vez que Mourão se tornou uma figura importante quando o assunto são as políticas públicas de proteção à Amazônia.

Faltando 15 dias para a terceira Garantia da Lei e da Ordem (GLO) – nomeada de Operação Samaúma acabar, no dia 31 de agosto deste ano, o governo convocou uma coletiva de impresa para “anunciar ações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia”. A exposição foi chefiada pelo ministro Joaquim Leite e ainda contou com as presenças de Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Anderson Torres, da Justiça.

Joaquim não deu muitos detalhes, mas basicamente apresentou ações já traçadas no Plano Amazônia 21/22, que foi aprovado no começo do mês de abril. O tal plano, no entanto, apesar de consistir em intervenções conjuntas dos ministérios, foi criado por iniciativa do Conselho da Amazônia. Mourão, no entanto, sequer foi chamado para a coletiva.

Questionado sobre a desconsideração, o vice-presidente disse: “O plano é do governo do presidente Jair Bolsonaro. A gente [Cnal] montou planos executantes, agora eles apresentaram como que eles vão executar”, disse Mourão.

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) foi outra ocasião na qual Mourão foi escanteado por Bolsonaro. Se preparando a meses para chefiar a comitiva do Brasil em Glasglow, na Escócia, Mourão foi surpreendido pela notícia que não seria ele, mas sim Joaquim Leite, que estaria à frente da missão.

Na última reunião do Cnal, que aconteceu no dia 23 de novembro e da qual Joaquim também não participou, Mourão disse que estava se sentindo culpado pelos péssimos números divulgados uma semana antes. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite-Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), havia revelado que o desmatamento na Amazônia nos 12 meses entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi o maior para esse intervalo de tempo desde 2006.

“Se você quer um culpado, sou eu. Não vou dizer que foi o ministro A, ministro B ou ministro C. Eu que não consegui fazer a coordenação e a integração da forma que ela funcionasse. Ela só foi funcionar na última fase da operação, quando a Samaúma aconteceu e aí a turma acordou para a necessidade de conversarem efetivamente uns com os outros, despirem os seus preconceitos […] e, a partir daí, houve a sinergia dos trabalhos.”

Mourão também foi desconsiderado durante uma coletiva em 14 de dezembro. Na ocasião, Joaquim veio dar “boas novas”, fruto também do Conselho da Amazônia: a redução do desmatamento no mês de novembro na comparação com o mesmo mês de 2020. Sem citar Mourão, o ministro do Meio Ambiente declarou que foi um trabalho “integrado e coordernado”.

Apesar da redução em novembro, segundo o Prodes, o desmatamento na Amazônia nos 12 meses entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi o maior para esse intervalo de tempo desde 2006. O aumento registrado no período foi de 22%.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?