Ministro da Justiça, Anderson Torres critica política ambiental
“Interesses outros”: ao assinar acordo com o CNMP, o ministro da Justiça disse que o meio ambiente é muitas vezes “o último a ser visto”
atualizado
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, não poupou críticas à política ambiental praticada pelo governo, ao participar de um evento, nesta terça-feira (8/6), no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Ao lado do procurador-geral da República, Augusto Aras, que preside o conselho, Torres avisou não concordar com condução da política ambiental.
“Eu sou um crítico dessa política ambiental brasileira há muito tempo. Conheço bem por dentro e por muito tempo acompanho isso”, avisou Torres, voltando-se para Aras.
O ministro participou, com membros do Ministério Público Federal (MPF), da assinatura de um acordo de cooperação para utilização de monitoramento de crimes ambientais por meio de satélite.
Alvo
As críticas ocorrem no momento em que o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo de investigação por suspeitas de corrupção e de atrapalhar o trabalho de repressão a crimes ambientais.
As investigações contra Salles ocasionaram, inclusive, o afastamento do delegado Alexandre Saraiva da Superintendência no Amazonas da Polícia Federal, instituição subordinada ao Ministério da Justiça.
Saraiva acusa Salles de montar uma “fraude” para tentar iludir os policiais, se utilizando de uma “pseudoperícia” na madeira apreendida em operação da PF.
Veja vídeo de Anderson Torres:
Torres, por sua vez, disse ser a favor do fortalecimento dos órgãos de fiscalização e apontou que o trabalho deve ser feito “livre de ideologia, de ativismo, buscando meio ambiente sustentável, equilibrado” e, segundo ele, “livre de achismos”.
“Eu ressalto essa ferramenta (monitoramento por satélite) como nossa prioridade nessa política de preservação do meio ambiente e combate a crimes ambientais. Pensamos em fazer isso livre de ideologia, de ativismo, buscando meio ambiente sustentável, equilibrado e realmente uma política séria de combate aos crimes ambientais no Brasil”, apontou Torres.
Fauna e flora
“Para nós é muito importante o MP estar engajado num projeto tão importante de valorização, manutenção e conservação do meio ambiente brasileiro. Essa é uma ferramenta que ajuda muito num país continental, tal como o nosso”, argumenta o ministro.
Para ele, sem esse tipo de ferramenta e tecnologia, o Brasil não conseguiria avançar na preservação do meio ambiente, “na busca de um meio ambiente sustentável, equilibrado”, destacou.
“Acho que a gente precisa realmente mudar e priorizar o meio ambiente. O meio ambiente é muitas vezes o último a ser visto, por incrível que pareça, essa causa ambiental. Interesses outros, ideias, achismos. Mas a fauna e a flora, que deveriam ser prioridade, muitas vezes não o são”, discursou o chefe da pasta da Justiça.
“É nesse sentido que a gente está chegando no Ministério da Justiça e é nesse sentido que nós vamos conduzir os nossos trabalhos, tanto de prevenção quanto de repressão, e contar com o apoio do Ministério Público na utilização dessa ferramenta, num redirecionamento dessa política para que a gente possa realmente preservar o nosso meio ambiente de acordo com as regras e com a sustentabilidade, de forma inteligente”, disse.