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Ministro da Educação reage a “canal de denúncias” contra professores

Para Rossieli Soares, “esse não é caminho adequado para problemas dentro da escola”

atualizado

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CPP/Divulgação
Rossieli Soares da Silva, ministro da educação
1 de 1 Rossieli Soares da Silva, ministro da educação - Foto: CPP/Divulgação

Especialistas e até o ministro da Educação criticaram a atitude da deputada estadual eleita pelo PSL de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo. Logo após a confirmação da vitória de Jair Bolsonaro, no domingo, ela pediu para que alunos filmassem seus professores em sala de aula e denunciassem condutas consideradas por ela como “ideológicas”. Ana Caroline postou mensagem nas redes sociais pedindo para que os vídeos fossem enviados para seu número de telefone celular, com o nome do docente, da escola e da cidade.

O ministro da Educação, Rossieli Soares, disse ao Estado que “esse não é caminho adequado para problemas dentro da escola”. “Há canais na diretoria, nas secretarias municipal e estadual para denúncias.”

Dois membros do Conselho Nacional de Educação (CNE) também criticaram a atitude da deputada. “É preciso tomar cuidado porque isso pode descambar para uma censura da atividade docente”, disse o ex-secretário de educação de Santa Catarina Eduardo Deschamps, que é também conselheiro do CNE. Para ele também, nesse momento o Brasil precisa de conciliação e não de “ações dessa natureza”. “Essa onda de denuncismo não é boa para ninguém.”

Para outro membro do conselho e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares, a proposta é o oposto do que se quer para uma educação de qualidade. “O importante é incentivar os alunos a pensar, questionar, refletir. E não a achar que sabe tudo e pode denunciar.”

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina também se pronunciou contra a deputada eleita. “Na sala de aula estudantes e professores têm suas posições e é importante que possam conversar sobre elas”, diz o coordenador estadual Aldoir José Kraemer.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) resolveu apurar a conduta de Ana Caroline. A promotoria quer verificar “possível violação ao direito à educação dos estudantes catarinenses para adoção das medidas cabíveis”.

Uma petição online criada no site da ONG Avaaz, uma entidade internacional de mobilização social, pede a impugnação da candidatura de Ana Caroline. Até esta terça-feira à tarde, havia 265 mil assinaturas. O documento diz que a deputada eleita “está incitando ódio” e tentando cercear os professores.

Ana Caroline é professora de História da rede estadual em Chapecó, tem 27 anos e foi eleita defendendo o projeto Escola sem Partido. Sua campanha foi feita basicamente pela internet, com vídeos em que ela critica o que chama de “doutrinação” de professores.

Na publicação, a deputada estadual eleita argumenta que “professores e doutrinadores estarão inconformados e revoltados” com o resultado da eleição que elegeu Jair Bolsonaro presidente do Brasil. “Muitos deles não conterão sua ira e farão da sala de aula um auditório cativo para suas queixas político partidárias”, escreveu.

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