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“Minha presença na ativa seria prejudicial”, diz Ramos em carta a militares

Ao lado de Eduardo Pazuello, Ramos é um dos militares do alto escalão do governo que ainda estava nos quadros da ativa

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Ramos e Bolsonaro
1 de 1 Ramos e Bolsonaro - Foto: Marcos Corrêa/PR

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, divulgou uma carta aos seus pares oficiais do Exército após anunciar sua ida para a reserva da Força.

O general anunciou que irá solicitar a transferência para a reserva remunerada, que é como chamam a “aposentadoria” dos militares, em 1º de julho e justificou a decisão ao afirmar ter imaginado que sua passagem pelo governo seria “uma missão transitória”.

Com a aposentaria de Ramos dos quadros do Exército, resta apenas o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, no alto escalão do governo que ainda pertencem ativamente às Forças Armadas. O atual chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto também era militar da ativa, mas também deixou a caserna para assumir o ministério.

O ministro da Secretaria de Governo escreve a seus pares dizendo que foi “convocado” para ajudar na aprovação de projetos de interesse do governo, sobretudo a reforma da previdência. Ramos pontua, entretanto, que segue sendo necessário ao governo para atuar na crise provocada pelo novo coronavírus.

O ministro já havia publicado uma carta aberta anunciando sua aposentadoria do exército a partir de 1º de julho.

“Com esta decisão, afasto de forma definitiva e irrevogável, a possibilidade do meu retorno às lides da caserna, o que poderia acontecer até dezembro de 2021, como também, do recebimento de uma nova missão oriunda do Comando do Exército”, reforçou.

Ramos chega a mencionar que a sua presença na ativa do Exército seria ruim para a Força. “Minha permanência no serviço ativo perdeu o sentido e torna-se prejudicial à instituição que me fez quem eu sou e que tanto amo. Dessa forma, é por lealdade ao sentimento de cumprimento de missão que sempre tive e pelo absoluto respeito que devo ao nosso Exército Brasileiro, que comunico minha decisão de solicitação de passagem para a reserva remunerada, o que deve se processar a partir de 1º de julho deste ano”.

Leia a íntegra da carta enviada aos militares:

Meus caros amigos de caserna, boa tarde!

Ao tomar posse como Ministro de Estado da SEGOV, entendi ser uma missão transitória, uma convocação para colocar em prática a experiência de articulação e negociação acumuladas ao longo de minha carreira, que o Presidente da República tivesse vislumbrado ser ideal para a organização de uma Base para a aprovação dos projetos de interesse do Governo, particularmente a Nova Previdência. Por esse motivo, o Comandante do Exército concordou com minha permanência no Serviço Ativo, com o meu Licenciamento do Alto-Comando do Exército, de modo a não permitir interferência da Missão no Governo nos assuntos do Exército.

Acreditei que conseguiria cumprir essa missão ainda em 2019 e, de fato, grande parte dela foi cumprida, ajudamos a aprovar a Previdência, bem como inúmeros outros projetos de interesse do governo, como o Sistema de Proteção Social dos Militares, Salvaguarda de Alcântara, Liberdade Econômica, dentre outros, entretanto, a Base de Governo exigiu um pouco mais de tempo para sua consolidação. Ainda assim, considerando ter cumprido essa missão, me preparava para o retorno quando, de forma absolutamente imensurável, fomos atingidos pela crise do COVID e suas crises derivadas, de tal forma que minha permanência como Ministro tornou-se muito importante para minimizar os impactos das crises. Consequentemente, minha permanência no serviço ativo perdeu o sentido e torna-se prejudicial à instituição que me fez quem eu sou e que tanto amo.

Dessa forma, é por lealdade ao sentimento de cumprimento de missão que sempre tive e pelo absoluto respeito que devo ao nosso Exército Brasileiro, que comunico minha decisão de solicitação de passagem para a reserva remunerada, o que deve se processar a partir de 1º de julho deste ano. Agradeço ao Comandante do Exército a confiança em mim deposita e a consideração ao me permitir a permanência na ativa, bem como a todos os companheiros que me apoiaram e me apoiam nessa empreitada. Brasil acima de tudo!

Que Deus continue me concedendo a sabedoria e a força para cumprir essa missão!
Que Deus abençoe o Brasil!
Luiz Eduardo Ramos
Ministro da SeGov/PR

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