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Miller fala à CPMI da JBS: “Nunca fui braço direito de Janot”

No início da sessão, o ex-procurador, amparado por HC para ficar calado, disse que responderá aos questionamentos “que puder”

atualizado

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Miller
1 de 1 Miller - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Não eram nem 9h quando o ex-procurador da República Marcello Miller desembarcou no Senado Federal. Convocado para comparecer à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, ele chegou cedo, vestido com um paletó elegante e demonstrando tranquilidade. Mesmo amparado por um habeas corpus que o autoriza a permanecer em silêncio quando as perguntas puderem incriminá-lo, o ex-procurador avisou, logo no início da sessão no Plenário 2, que responderia aos questionamentos que pudesse.

Miller é suspeito de ter feito “jogo duplo” ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS na Procuradoria-Geral da República (PGR), à época sob o comando de Rodrigo Janot. Logo, ele foi questionado pelos parlamentares sobre sua atuação nesse caso. E disse que Janot e seu ex-chefe de gabinete, Eduardo Pellela, não tiveram conhecimento da “atividade preparatória que tive junto à J&F”.

“Há um bocado de mistificação e de desinformação em torno da minha relação constitucional com o procurador Rodrigo Janot. Eu achei graça quando vi no jornal que eu era braço direito dele. Nunca fui. O Dr. Janot tinha um chefe de gabinete, que não era eu, tinha um grupo de trabalho. Há diferença entre grupo de trabalho e força tarefa. O grupo de trabalho tinha dois coordenadores, eu não chefiei nenhum”, afirmou Miller.

Miller trabalhava com Rodrigo Janot até março deste ano, pouco antes do fechamento de acordo de colaboração premiada firmada pela procuradoria com a JBS. Ele ajudou a negociar a delação de Sergio Machado, ex-diretor da Transpetro, e de Delcídio do Amaral, ex-senador.

Pouco depois das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, Marcello Miller se desligou do Ministério Público para ser sócio de um escritório de advogados que tem, entre as atividades, a negociação de delação e atende a JBS. Assim, o ex-procurador é acusado de fazer o jogo duplo.

A comissão
A CPMI da JBS saiu do papel no início de setembro, depois que Rodrigo Janot passou a investigar a delação premiada dos irmãos Batista. Formalmente, a comissão tem o objetivo de apurar os contratos da JBS com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o acordo firmado entre os Batista e o Ministério Publico Federal.

No entanto, deputados governistas estariam tentando usar a CPMI para desvalorizar as acusações apresentadas por Wesley e Joesley contra políticos da base aliada, entre eles, o próprio presidente Michel Temer.

Nesta quinta (30), o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran será ouvido por vídeo conferência.

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