Ex-procurador diz à PF que fez ajustes “gramaticais” em delação da JBS
Durante depoimento, Marcelo Miller afirmou à Polícia Federal que ajudou na elaboração do acordo de delação da JBS “para não ser descortês”
atualizado
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O ex-procurador Marcello Miller afirmou à Polícia Federal que fez “ajustes linguísticos e gramaticais” no rascunho do acordo de delação premiada apresentado pelo diretor da JBS Ricardo Saud. Miller declarou ainda ter ajudado os executivos a elaborar o texto “para não ser descortês”. A informação é do jornal Folha de São Paulo.
Durante depoimento prestado na última terça-feira (10), Marcelo Miller, que trabalhava com Rodrigo Janot na PGR, disse que Saud lhe mostrou os documentos em meados de março e pediu que ele desse “uma olhada”. O ex-procurador alegou ter se sentido desconfortável. Aos investigadores, ele afirma ter ajudado com os ajustes, mas negou ter orientado o executivo a redigir o documento específico para o acordo de delação.
Miller alegou que os assuntos não eram tratados “abertamente” nos encontros das “condutas criminosas” dos empresários. O ex-procurador, porém, disse que era possível “intuir tais ocorrências”, admitindo ter “conhecimento de que a JBS estava tratando das questões criminais com a PGR”, mas não deu mais detalhes de como era possível saber sobre o tema.À PF, Miller reiterou que teve “de cinco a dez reuniões” com executivos da JBS, na sede da empresa, antes de sua exoneração do MPF ser publicada no Diário Oficial da União. Miller é suspeito de ter atuado em favor dos delatores enquanto ainda era procurador da República, sem o conhecimento de seus superiores. Ele ainda vai prestar novos depoimentos.