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Militares se unem para lançar 71 candidatos nas eleições de 2018

Dos postulantes, entre integrantes da reserva e da ativa, há uma única mulher. Ela se diz “acostumada com grupos majoritariamente masculinos

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Grupo pede intervenção militar
1 de 1 Grupo pede intervenção militar - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Motivados pelo desempenho do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência, nas pesquisas eleitorais, pelo menos 71 militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica lançaram pré-candidaturas a vagas no Congresso e no Executivo em 25 estados e no Distrito Federal. Por enquanto, só o Acre não tem pré-candidato nesse grupo. Parte deles se reuniu nesta terça-feira (8/5) pela primeira vez, em Brasília, para unificar o discurso.

Bem ao estilo militar, a reunião começou pontualmente no horário marcado, com pouco mais de 30 participantes. A mesa foi composta apenas por generais, hierarquicamente superiores aos demais nas Forças.

Cada presente se apresentou e os discursos, feitos sem interrupção, tinham como tema principal o combate à corrupção e o direito de militares de se candidatar a cargos eletivos. Os pré-candidatos usaram frases e slogans para afirmar seus princípios de “honestidade” e “defesa dos interesses do país” cultivados, segundo eles, nos quartéis.

Mesmo ausente, Bolsonaro foi lembrado no evento, realizado em uma sala da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), na área central de Brasília. O presidenciável foi convidado, mas não compareceu – essa atitude gerou críticas de um dos presentes, que preferiu não se identificar. Nesta quarta-feira, 9, o grupo pretende ir ao Congresso para se encontrar com o deputado.

O discurso mais contundente da reunião foi o do general de Exército da reserva, Augusto Heleno. Ele não se coloca como candidato, mas está sendo pressionado por seus pares a entrar para a política. General Heleno primeiro rejeitou a tese de formação de uma “bancada militar”, com a justificativa de não poder existir divisão entre sociedade civil e militar, e disse considerar isso “um preconceito” e “uma invenção da esquerda”.

Segundo o general, Bolsonaro “não é o candidato dos seus sonhos”, mas “é o único com possibilidade de mudar o cenário atual, porque todos querem uma faxina no país”. Depois de recomendar que o momento não é de “olhar pelo retrovisor e ficar elogiando o regime militar, mas de olhar para frente e buscar mudanças no país”, o general Heleno saiu em defesa do pré-candidato do PSL.

“Exigem do Bolsonaro algo nunca exigido de outros candidatos. Ele deve ser a mistura de Churchill, Margareth Thatcher, Ronald Reagan, o Papa Pio XII. Essa cobrança nunca foi feita antes aos outros”, disse o general. “Bolsoraro tem defeito? Tem defeitos. Mas é o único disponível hoje, pelo menos com a intenção e a possibilidade de mudar. Daí essa grande reação ao nome dele, que está sendo até chamado de fascista – um absurdo –, porque quem não é de esquerda é tachado de fascista e ele não é, sem direito de defesa”, afirmou. Neste momento, foi aplaudido pelos colegas.

Heleno disse ainda: “ao contrário do entendimento de alguns, Bolsonaro não vai poder governar sozinho e vai ter de montar uma equipe conjunta”.

A mesa de discussão foi conduzida pelo general Girão Monteiro, pré-candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Norte – atuando como organizador dos pré-candidatos militares no país. Ele defendeu a tese de militares terem “direito de votar e ser votado, como qualquer outro segmento da sociedade”. Segundo ele, “temos de funcionar como agentes de mudança do país”. Para o general, os militares, com esta mobilização, “estão dobrando a esquina e a dobrada é para o lado direito”.

Partidos
É da legenda de Bolsonaro, o PSL, a maior parte dos pré-candidatos ligados às Forças Armadas – 60 deles são filiados à legenda.

Dos 71 postulantes, entre militares da reserva e da ativa, há uma única mulher. A coronel da reserva do Exército, Regina Moézia, de 54 anos, quer ser deputada distrital em Brasília. Terceira geração de militares de sua família e integrante da primeira turma de mulheres do Exército, coronel Regina diz estar acostumada a lidar com grupos majoritariamente masculinos.

Coronel Regina está apostando nas mídias sociais para se eleger. Este tem sido o principal meio de comunicação dos pré-candidatos militares – eles veem na falta de recursos e na filiação a partidos pequenos e sem dinheiro, um dos principais obstáculos para se elegerem.

Além do PSL, outros militares vão lançar candidaturas por 13 partidos – PSDB, PSC, PR, PEN, PRP, PRTB, Novo, Patriotas, DEM, PHS, PROS, PTB e PSD. Várias patentes têm representantes – desde generais até coronéis, sargentos e capitães.

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