Militantes pró e contra impeachment trocam Esplanada pela internet
A quarta-feira (31/8) que deve sacramentar o fim da Era Dilma não terá nem de longe o público das manifestações recentes na Esplanada. Em abril, 100 mil pessoas chegaram a lotar a área próxima ao Congresso. Hoje, o conflito deixou o centro de Brasília e tomou conta da web
atualizado
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Nos últimos anos, o Brasil foi palco de centenas de protestos que levaram milhões de pessoas às ruas. Tudo começou em 2013, com as chamadas Jornadas de Junho, que contestavam o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte público em São Paulo. Os atos se espalharam pelo país, ganharam novas bandeiras — em especial, contra a corrupção — e convergiram em dois polos antagônicos a partir de 2015. Um deles pedia a saída da presidente Dilma Rousseff. O outro saía em defesa da gestão petista.
Nesta quarta-feira (31/8), passados 2.069 dias desde que Dilma subiu a rampa do Palácio do Planalto pela primeira vez, milhares de pessoas ocuparão as avenidas brasileiras para protestar contra ou a favor do impeachment, que terá seu capítulo final escrito no Senado. E Brasília, que foi palco de manifestações históricas, estará tomada de gente, certo? Errado. A batalha campal por aqui evaporou do terreno físico e se condensou no virtual.Contrariando o histórico recente e a expectativa das forças de segurança, que voltaram a erguer um muro para dividir a Esplanada dos Ministérios em duas, o público que passou por lá para acompanhar o julgamento em curso no Senado foi modesto. Na noite de terça-feira (30), por exemplo, a Polícia Militar contabilizou modestos 50 manifestantes do lado pró-Dilma, contra 20 da parte favorável ao impeachment.
Nesta quarta (31), é esperado movimento maior, mas ainda assim longe dos 100 mil que lotaram a área próxima ao Congresso em 13 de março deste ano. Hoje, quando o voto “sim” de pelo menos 54 senadores pode decretar o fim da Era Dilma, esses militantes centram força na internet. As redes sociais se tornaram o megafone de coxinhas e mortadelas.
Nos dois lados da disputa, perfis famosos e celebridades viraram os líderes do debate. Entre os apoiadores da petista, o humorístico Dilma Bolada é constantemente citado, principalmente quando utiliza ironias contra os pró-impeachment.
HELP DUMBLEDORE #PelaDemocraciapic.twitter.com/QXOEmtbBuP
— Dilma Bolada (@diImabr) August 29, 2016
Entre os apoiadores do impeachment, a referência é o grupo Movimento Brasil Livre (MBL), que organizou diversas manifestações a favor do afastamento de Dilma Rousseff.
#PTGolpistapic.twitter.com/lb6MH9AzNc
— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 30 de agosto de 2016
As celebridades também participaram do debate.
Dilma deveria ser proibida de falar em democracia
— Roger Rocha Moreira (@roxmo) August 29, 2016
Primeiramente fora Temer.
— Gerente das Cutruvia (@CamilaPitanga) August 29, 2016
No Twitter, também é possível ver um duelo de narrativas. Apoiadores da presidente, que se dizem vítimas de um golpe, postam afirmando que defendem a democracia.
O outro lado usa a hashtag #TchauQuerida, em referência às gravações dos diálogos entre Lula e Dilma. Lá, os tuiteiros tentam provar que não há um golpe em curso. Memes e ironias sobre o governo petista são postados à exaustão.